segunda-feira, 24 de julho de 2006

Se não tem nada de bom a dizer...

Às vezes eu me esqueço de um ditado que eu mesma defendo: "se não tem nada de bom a dizer, então não diga nada". Aí me dei conta que este blogue acabou virando um cantinho de lamentações pessoais e há muito deixou de ser um espaço de discussão saudável. Pois é... Com alguns anos de estrada blogueira (antes no ig, depois no weblogger e agora aqui), acabei perdendo a noção.

Vivemos em um mundo tão egoísta que muitas vezes não nos damos conta de que nos tornamos nós mesmos vítimas da ideologia. Ainda mais, no meu caso, fora da universidade - que, por pior que seja, é sempre um espaço de questionamentos - e engolida pelo mercado de trabalho em tempo integral.

Eu sempre achei péssimo quando alguém precisa rebaixar os outros para poder ser alguém (ou achar que é). E o fato de algumas pessoas com quem convivo agirem assim me fez ver que devo estar fazendo o mesmo aqui. Minhas reclamações não deixam de ser, de certa forma, uma crítica social, mas de qualquer forma, eu cansei do meu próprio negativismo.

Muita coisa boa tem acontecido na minha vida, mas às vezes sinto que apenas o absurdo e a indignação acabam me levando a postar. Vou falar de uma coisa boa que aconteceu e que, ao mesmo tempo, é um absurdo: meu noivo e eu nos endividamos até os ossos, mas compramos nosso imóvel.

O que é absurdo nisso? O absurdo é que as pessoas se espantam com isso e acham que estamos cagando dinheiro.

Direito de resposta: Não. Nem eu e nem o Daniel viemos de berço de ouro. Só que, ao invés de comprar celular em 10 parcelas com câmera que tira foto, filma, canta e dança a Macarena, nós guardamos o dinheiro. Mesmo ganhando pouco, tanto ele como eu conseguíamos guardar nem que fossem 10 reais no mês. Ao longo dos ANOS (e bota ano nisso...) e juntando os dois, isso dá uma quantia considerável de dinheiro para dar de entrada num imóvel.

A maior parte das pessoas fica esperando "conhecer a pessoa ideal" antes de pensar em juntar dinheiro para o imóvel. Pensando assim, deve parecer mesmo que estamos cagando dinheiro. Mas, sabe aquela poupança "imexível"? A minha estava "imexida" havia 22 anos. Mesmo quando eu não conseguia colocar dinheiro lá, eu também nunca tirei. Mesmo nos apertos mais apertados, eu fingi que ela não existia. Graças a Deus ninguém ficou doente na minha família e nenhum outro imprevisto surgiu no meio do caminho.

Sei lá. Eu acho que a gente tem sempre que se planejar para o futuro. Eu podia ter comprado uma Caloi Cross e não comprei. Podia ter tido um rádio bem legal e não tive. Podia ter ido mochilar pela Europa (bem apertado, digamos) e não fui. Podia ter feito um monte de coisa que não fiz com o dinheiro que esqueci naquela poupança. Mas hoje, depois de tantos anos de ressentimento pelas coisas que não fiz e que não comprei com aquela poupança, me sinto uma pessoa muito realizada, que vai pagar prestação do imóvel, e não aluguel. E, para mim, nenhum walkman ou Nike Air Max Blaster Plus vale isso.

Farei um acordo não firmado em contrato comigo mesma. Quando eu não tiver nada de bom para postar, ficarei em silêncio virtual, aguardando a chance de poder contribuir um pouco com a alegria cotidiana de uma cidadã comum de uma metrópole como tantas outras no mundo.

PS. Mas, só porque eu não resisto: alguém mais está vendo a Terceira Guerra Mundial começando ou é paranóia minha?

quarta-feira, 12 de julho de 2006

A glimpse of my life

Orçamento contas a pagar condomínio quando vestido de noiva orçamento cartório reconhecer firma fechar contrato Japão editora publicar livro e-mail iluminação DJ cópia autenticada do RG e CPF transferência bancária CPMF planilha de custos data Australia orçamento buffet apartamento IPTU degustação cartório de notas doces lembrancinhas bouquet de rosas ou de flores do campo mais orçamento contrato de imóvel psicopatia sociopatia aluguel de vestido dia da noiva mapa do local acertar a data transferência eletrônica ou cheque administrativo atualizar o site telefonema do banco chegou talão de cheque box de vidro ou de blindex contrato internacional tradutor horas extras muitas cortininha no box mas cama tipo box é mais barato jurídico provedor cozinha planejada fotógrafo para quê tudo bem vestido branco mas de tênis contrato da Coréia lançamento do livro vai ter ou não ligar para o chefe do chefe do chefe e perguntar da situação que situação não faço a menor idéia revisar o release corretor de imóveis documentação ok conta corrente mesa de frios juros parcelamento aprovar o layout ligar para o banco decoração calígrafo orçamento forma de pagamento em dez vezes sem juros conta outra que eu sei que os juros estão embutidos no preço.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Símbolos malignos da contemporaneidade

1) Atualizar amizades por scrapbook do Orkut;

2) Perder 1/4 do seu tempo de vigília parado no trânsito;

3) Virar radical de extrema-direita do dia para a noite;

4) Aparelho ortodôntico;

5) Saber que seus genes de dentes tortos deveriam SUMIR da face da Terra e ainda assim insistir em passá-los adiante;

6) Não saber mais onde fica a fila do caixa convencional do seu banco;

7) Descobrir que almoçar inflacionou cerca de 500% nos últimos cinco anos, sendo que o Ceagesp indicou deflação no preço da matéria-prima;

8) Desaprendizado do traquejo social;

9) Substituição do livro pelo DVD;

10) Achar que o cara da medicina que metralhou um monte de gente no Shopping Morumbi estava certo.