domingo, 24 de abril de 2011

Overrated II

http://atomicwhoopeecushion.deviantart.com/art/Normal-Is-Overrated-126628019
Ovo de Páscoa... overrated
Sexo... overrated
TOC... overrated
Hiperatividade... overrated
Igualdade de direitos... overrated
Segurança no trânsito... overrated
Politicamente correto... overrated
Magreza... overrated
TPM... overrated
Casamento... overrated
Trabalho... overrated
Humanidade... overrated?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mulher de fases, e não é a dos Raimundos

Passada a fase de "morro-de-dó-de-mim-mesma" e a fase de "que-se-dane-o-mundo-vou-me-fechar-na-minha-concha" e "que-se-dane-o-cartão-de-crédito-vou-estourar-mesmo", entrei numa fase sem nome ainda.

Passou a revolta. Repensei todas as minhas decisões. Aceitei que as pessoas erram e que errar é humano e que, ainda que às vezes eu pense ser uma espécie de semideusa que tem total controle sobre minha vida, ainda sou humana e, portanto, tenho o direito de errar e de perder o controle vez ou outra. E penso também que tudo o que fiz faz parte de quem sou e que não dá para se condenar por escolhas que fizemos lá em mil novecentos e nada. Na época pareciam ser as melhores escolhas. E às vezes escolhemos por pura falta de escolha. Vai saber se eu conseguiria ter feito diferente.

É isso, sabe? Em conversa com uma colega de trabalho tão perfeccionista quanto esta que vos fala, proferi a seguinte frase: "Às vezes 'bom' é ótimo e 'excelente' é péssimo. Dar conta de tudo mais ou menos é melhor do que excelência nisso ou aquilo e deixar todo o resto a desejar".

E com a vida é assim também. Tudo o que fiz foi achando que seria o melhor possível. E talvez tenha sido. Não tenho títulos, não tenho reconhecimento, não tenho certificados, não tenho bens, mas tenho uma coisa que achava que todo mundo tinha e descobri que a maior parte das pessoas não tem: vida.

Vivo em qualidade, quantidade e intensidade.

Quantas pessoas de 32 anos podem dizer que já participaram de concurso de merengue no Chile completamente bêbados e com a roupa suja de lama? Quantas podem dizer que tocaram para mais de 300 pessoas uma música própria numa banda de garagem (com toda a galera cantando o refrão junto)? Quantas podem dizer que prestaram vestibular para sete carreiras diferentes, passaram em todas e sortearam para saber qual cursar, aí não gostaram do curso e, mesmo tendo passado na USP, desistiram depois de dois anos e foram prestar vestibular de novo? Quantas tiveram a manha de caronar mais de 3600km em uma só viagem? E viajar para ficar uma semana na Chapada dos Guimarães e acabar ficando o mês? Quantas tiveram bolsa de iniciação científica da Fapesp? E quantas sentaram numa mesa de bar para tomar uma cerveja com o Iron Maiden? Quantas se perderam no metrô em Paris sem saber falar francês? Quantas socaram um ladrão? Quantos corações partidos? Quantas partidas? Quantos casaram de branco, num espartilho que impedia a respiração? E quantos tomaram a decisão de separar? Quantos fizeram poesia? Quantos trabalharam em mil empregos com mil funções diferentes (de negociar vendas milionárias até lavar prato e passear cachorro, não necessariamente nesta ordem)?

E quantos fizeram tudo isso na mesma vida?

Não sou melhor do que ninguém, mas enquanto o povo estava tirando certificado, acumulando bens e se batendo por dinheiro reconhecimento, eu estava vivendo, fazendo coisas, me tornando uma pessoa mais interessante.

Agora vou correr atrás do prejuízo e tentar arrumar títulos e bens. Mas ó: eu fiz um montão de coisas. Não deixei para fazer na aposentadoria (porque acho que viver com o objetivo de se aposentar é muito podre). E vou continuar fazendo coisas, sabe? Aula de tango, enfim. Não tenho certificado de nenhuma das coisas que fiz, mas certamente tenho histórias para contar...