Mais uma vez devo me desculpar pela ausência prolongada em vossas páginas... Como sabem, professor horista sofre... Em Novembro e Dezembro, pegamos todos os freelances que aparecem para compensarmos a estiagem monetária que se segue, de Janeiro a Março...
Tenho notado, cada vez com mais desgosto, que os papéis - outrora da família - têm se acumulado sobre as costas da escola. Especialmente nos bairros ricos. Lembra daqueles ralos que a gente levava da mãe?: "Não vai pro meio da rua que você vai ser atropelado, moleque!". Hoje não tem mãe. Até isso ficou por conta da escola. Fico chocada porque nem dou aula em escola regular! Trabalho em curso livre de inglês e ainda tenho que ver essas coisas!
A geração apartamento-escola-natação-babá-inglês me dá medo, sabe? Não do ponto de vista do professor (este também morre de medo, pois não pode dar bronca no aluno que a mãe liga, imediatamente, do escritório, para reclamar que o filhinho dela está sendo maltratado no inglês), mas do ponto de vista humano.
Com o mundo, louco do jeito que está, tanto o pai como a mãe precisam trabalhar fora. (Às vezes não, mas como sustentar a Pajero e a coleção de sapatos só com o salário do cônjuge, né? Mas isso é outra história...) E os pais, com cada vez menos tempo para os filhos, fazem-lhes todas as vontades por culpa. E os filhos que não são burros sabem usar isso. Que medo disso... Que seres humanos estão se formando pelo medo da bronca?
Não sou a favor de bater com cinta. Nem de bater com chinelo. Nem com a mão. Mas sou SIM, a favor do NÃO. Um bom "não" educa. Ele frustra, mas protege. Uma criança que se frustrou sabe lidar melhor com o mundo do que uma criança que teve tudo, que sempre aparece uma solução mágica para seus problemas.
Estou com 27 anos. Minha geração está livre disso? Também não. Conheço várias crianças grandes, que ainda esperam soluções mágicas para o desemprego, para comprar o carro, para ir para a Tailândia ou para comprar a casa. Eu costumo dizer: "faltou porrada. Vai ter que tomar da vida, agora." Um bom "não" na infância poupa bastante porrada na vida adulta. Acreditem. Aquele velho cliché pedagógico do "a lei protege" funciona. Uma pessoa que sabe os seus limites, que conhece os "certos e errados" de seu grupo social (ainda que escolha desobedecê-los), transita muito melhor pelo mundo, com muito menos crises e muito menos medo.
Um apelo, em nome de toda a classe docente: se não souber dizer "não" a uma criança, não as tenha.
A babá não dirá.
Tenho notado, cada vez com mais desgosto, que os papéis - outrora da família - têm se acumulado sobre as costas da escola. Especialmente nos bairros ricos. Lembra daqueles ralos que a gente levava da mãe?: "Não vai pro meio da rua que você vai ser atropelado, moleque!". Hoje não tem mãe. Até isso ficou por conta da escola. Fico chocada porque nem dou aula em escola regular! Trabalho em curso livre de inglês e ainda tenho que ver essas coisas!
A geração apartamento-escola-natação-babá-inglês me dá medo, sabe? Não do ponto de vista do professor (este também morre de medo, pois não pode dar bronca no aluno que a mãe liga, imediatamente, do escritório, para reclamar que o filhinho dela está sendo maltratado no inglês), mas do ponto de vista humano.
Com o mundo, louco do jeito que está, tanto o pai como a mãe precisam trabalhar fora. (Às vezes não, mas como sustentar a Pajero e a coleção de sapatos só com o salário do cônjuge, né? Mas isso é outra história...) E os pais, com cada vez menos tempo para os filhos, fazem-lhes todas as vontades por culpa. E os filhos que não são burros sabem usar isso. Que medo disso... Que seres humanos estão se formando pelo medo da bronca?
Não sou a favor de bater com cinta. Nem de bater com chinelo. Nem com a mão. Mas sou SIM, a favor do NÃO. Um bom "não" educa. Ele frustra, mas protege. Uma criança que se frustrou sabe lidar melhor com o mundo do que uma criança que teve tudo, que sempre aparece uma solução mágica para seus problemas.
Estou com 27 anos. Minha geração está livre disso? Também não. Conheço várias crianças grandes, que ainda esperam soluções mágicas para o desemprego, para comprar o carro, para ir para a Tailândia ou para comprar a casa. Eu costumo dizer: "faltou porrada. Vai ter que tomar da vida, agora." Um bom "não" na infância poupa bastante porrada na vida adulta. Acreditem. Aquele velho cliché pedagógico do "a lei protege" funciona. Uma pessoa que sabe os seus limites, que conhece os "certos e errados" de seu grupo social (ainda que escolha desobedecê-los), transita muito melhor pelo mundo, com muito menos crises e muito menos medo.
Um apelo, em nome de toda a classe docente: se não souber dizer "não" a uma criança, não as tenha.
A babá não dirá.
É, Pati, o pior é que, quando a gente fala isso, ainda corre o risco de ser chamado de ortodoxo, antiquado, careta, intolerante, repressor e nazista. Mas na hora de ensinar a marmanjo regras básicas de como se portar em grupo sobra é para professor ("Afinal é pra isso que pago uma fortuna por suas aulas").
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