terça-feira, 30 de março de 2010

Possibilidades

Tirar uns dias para viajar.
Começar uma pós-graduação.
Tornar-se assassino profissional.
Pedir uma receita de Prozac.
Comprar uma televisão maior.
Doar um monte de coisa para a caridade.
Ir embora para o interior. Ou para o exterior.
Acreditar em coisas incríveis.
Apaixonar-se.

Pensando bem, não vai rolar.

domingo, 28 de março de 2010

Sozinha na balada

No dia 16 de fevereiro eu disse aqui no blog (link para a postagem) que talvez um dia eu falasse sobre o dia em que fui para a balada sozinha. Pois bem. Este dia foi ontem e aqui estou. =)

Tudo ia bem até eu decidir ligar para a amiga que iria comigo, apenas para descobrir que ela havia sido acometida por intensa dor de cotovelo. Não há problema algum. Eu sempre tenho. Sou a campeã dos furos. Ela ainda disse que iria porque tinha me dado sua palavra de honra. Achei bastante nobre de sua parte, mas dor de cotovelo é direito universal e eu respeito isso.

Antes da balada, eu ia dar uma passada no bar para comemorar o aniversário do meu amigo Gus, lá perto. Por precaução, fui maquiada. Vai que alguém decide me acompanhar ou vai que decido ir sozinha... No final, decidi ir sozinha.

Dicas práticas para sair sozinha à noite:

1) Vá de carro ou leve dinheiro para o táxi: Não dependa de ninguém para voltar para casa e não dependa de transporte público. Se você souber que pode ir embora a qualquer momento, isso te deixará mais confortável e você vai aproveitar melhor a noite.

2) Escolha um lugar onde você conhece o público frequentador e o tipo de música: Não sei se é bom tentar descobrir se você gosta de indie rock ou de funk carioca justo no dia em que resolveu sair sozinha. Vai que você odeia. E muito menos descobrir se aquele lugar só dá gente nada a ver.

3) Quando alguém te abordar (o que invariavelmente vai acontecer), diga que veio com amigas e que elas estão "por aí": Only to spare the drama e por questões de segurança.

4) Não encha a cara: Ninguém vai te carregar, segurar o seu cabelo enquanto você vomita ou te impedir de ir para sabe-se-lá-onde com sabe-se-lá-quem.

5) Aproveite sua própria companhia: Se estiver numa fase carente, não saia sozinha. Você vai ser (ou se sentir) a única pessoa sozinha do lugar. Todo mundo está (ou parece estar) com amigos ou com namorado (a). Mas, se você estiver bem com sua própria companhia, no clima de curtir uma pista de dança ou um som ao vivo, você nem vai lembrar que está sozinha. Lá pela uma da manhã eu me lembro de ter pensado "Nossa. Não falei uma só palavra desde que cheguei aqui e nem tinha reparado" e sorri comigo mesma. Em um ou dois momentos você poderá pensar "O que estou fazendo aqui, meodeuso?". Aí você pode: a) pegar uma bebida e ocupar suas mãos enquanto finge esperar alguém; ou b) encostar na parede com ar blasé e fingir que está mandando um SMS para alguém que ainda não chegou. Dizem que pessoas com óculos escuros se sentem mais confiantes, mas não testei a técnica porque achei que o SMS falso já havia atingido o auge do ridículo.

6) Encontre uma parede: Na pista de dança, encontre uma parede. Assim você não terá que caçar um espaço e ficar sem saber para onde olhar no meio dos grupos que gostam de dançar em roda. (Aliás, por que as pessoas gostam de dançar em roda?!) Ah, e é na parede onde estão os homens que foram sozinhos para a balada. Os bonitos, inclusive.

7) Seja honesta consigo mesma: Se for dar um perdido em alguém, terá que dar sozinha. Nenhuma amiga vai vir te resgatar. Então, se não gostar do papo do cara, dispense, não enrole.

8) Aproveite a liberdade: Sair sozinha é como viajar sozinha. É libertador poder ser um personagem diferente ou poder deixar de ser um. É maravilhosa a sensação de poder ir para onde bem entender quando bem entender, sem ter que caçar todas as pessoas que vieram com você para ficar dando satisfação. E melhor ainda é não ficar frustrado ou desorientado porque todos os seus amigos "se deram bem" e você sobrou sozinho. Você já está sozinha. E você faz o que bem quiser. Pode beijar todos e pode não beijar ninguém. Ninguém vai falar nada.

9) Sem concorrência: Quando você sentir a necessidade de contar para uma amiga que "nooooooosssa, olha aquele cara ali!", pense que não vai correr o risco de ele se interessar por ela.

10) Aproveite a noite: Ninguém te conhece, ninguém vai te julgar por cantar Cindy Lauper ou Freddie Mercury a plenos pulmões ou por inventar um estilo novo de dança. Seja você mesma, seja quem você quiser.

Gus, antes que me pergunte, a resposta é sim. E a resposta para a sua segunda pergunta, também é sim.

Balada sozinha é muito diferente de balada com amigos (mas cheguei em casa às 6 da manhã do mesmo jeito). Assim como viajar sozinho é muito diferente de viajar com amigos ou com companheiro (a). Outros amigos também já me haviam dito que balada sozinho é como cinema sozinho ou como show sozinho. E é mesmo. Vale a experiência. Se eu repetiria a dose? Sem dúvida.

sábado, 27 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

Diferente

É, de fato, uma experiência única acordar às 5h30 do domingo para correr.

Fiz o pior tempo da minha vida (45 minutos. Uma vergonha. Caminhei o percurso quase inteiro, mas botei todo o papo em dia com o meu parceiro de corrida) debaixo de garoa chatinha. Mas, ó: tou feliz.

sábado, 20 de março de 2010

Geração "Friends"

Toda geração tem as suas particularidades.

A minha geração é um grande limbo. Nossos pais não sabiam ainda se nos proibiam de sair à noite na adolescência por causa do sexo ou por causa das drogas. Mas proibiam. Nossos professores não sabiam se podia jogar apagador nos alunos ou se tinham que dialogar. Mas ainda eram figuras de autoridade. Fomos preparados para trabalhar CLT, bonitinho, e aposentar na mesma empresa após 40 anos de serviços prestados. E a realidade mudou no meio do caminho. Conhecemos as maravilhas dos jogos eletrônicos quando éramos crianças (Lembra do Atari? E dos comandos de DOS para acessar os jogos no XT?), aprendemos a magia e os perigos da internet quando éramos adolescentes. Quem se lembra de ficar esperando dar meia-noite para poder pagar um pulso só para ficar a madrugada toda "teclando" no mIRC? E quem programou o próprio script para personalizar o seu mIRC? E quando apareceu "www" e tudo ficou moleza?

Vimos transformações no mundo e muitos de nós não estávamos preparados para isso. Quem se adaptou, está bem. Quem ficou preso entre modelos ultrapassados e modelos que ainda não se haviam estabelecido, continua perdido.

Dos perdidos, chamo de geração "Friends". Sim, do seriado de televisão. Somos eternos adolescentes, fingindo que somos adultos, mas sem conseguir, porque nosso modelo está deslocado. Somos pessoas que estão se adaptando a um novo modelo, seja ele qual for, mas ainda não temos segurança para assumi-lo de vez. E também somos pessoas que não possuem independência financeira para se bancar sozinho. Nem economicamente, nem emocionalmente. Somos a geração depois do self-made man. Muitos de nós moram com os pais e lá pretendem ficar até que sejam obrigados a mudar de status. Alguns se casam porque parece ser a única alternativa para sair da casa dos pais. E aqueles que não querem nem um nem outro, vão morar com amigos. Daí minha analogia com o seriado.

Me parece, na minha atual situação, ser esta uma saída. Estamos em quatro pessoas: uma designer e três professores. Mais dois gatos e um cachorro. Procurando uma casa com garagem, quintal e, se possível, sem baratas.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Aleijada

Uma ex-colega de trabalho dizia "Meu corpo é composto por cabeça, tronco, membros e rodas". Mas, pior do que ficar sem carro é ficar sem computador!

Meu laptop está com um problema na placa de vídeo e está falecendo. Estou aleijada. Não fosse o computador dos meus pais (que leva 10 minutos só para ligar), eu estaria sem trabalho, sem passatempo e sem vida social. Que dependência é essa? De fato, se houver o megablecaute em 2012, vamos todos morrer.
Eu, pelo menos.

domingo, 14 de março de 2010

Inesperado

Parece que quando estamos cheios de expectativas, fazemos tanta força e olhamos tanto para uma só direção que não percebemos as pequenas surpresas que a vida nos traz às vezes.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dicotomia paulistana

Odeio São Paulo quando pego uma hora e meia de trânsito para chegar em casa.

E odeio as ruas esburacadas e o aumento do preço da gasolina. Aí tento migrar para o transporte público.

E odeio São Paulo porque as linhas de ônibus têm cada vez menos veículos, porque os trens e metrôs estão a cada dia mais lotados nos horários mais bizarros e porque os sites que supostamente te ensinam como chegar no lugar ensinam do jeito mais estranho possível e ainda é mais confiável perguntar para as pessoas como ir de A para B.

Odeio São Paulo porque as pessoas fingem que estão dormindo para não ceder o lugar para as velhinhas e odeio as velhinhas porque elas não têm bom senso e resolveram andar de ônibus em horário de pico.

Odeio São Paulo porque tudo é longe, tudo passa por avenidas congestionadas. Não há incentivo para as pessoas andarem a pé ou de bicicleta.

Odeio São Paulo porque o sistema de saúde é deficitário, porque as escolas são um lixo e porque temos que pagar tudo duas vezes se quisermos marcar uma consulta no médico para um prazo menor do que seis meses ou se quisermos ter filhos que saibam ler.

Odeio São Paulo porque temos que trabalhar 12 horas por dia sem receber hora extra e porque todos os seus amigos também trabalham 12 horas por dia sem receber hora extra e estão sempre muito cansados para sair com você.

Uma proposta de trabalho fora do estado. Salário bom. Horário melhor ainda.

Um mojito na quarta-feira à noite me faz mudar de idéia. E aí tem o Parque do Ibirapuera. Tem a Av. Paulista. Tem os restaurantes 24 horas, os bares mais diversos e as pessoas mais malucas.

Dizem que São Paulo não é mãe. São Paulo é pai: dá, mas cobra.

O preço é alto. Mas, por enquanto, vou pagar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Morrer pela boca

Tem gente que fala demais. Tem gente que fala de menos.

Estou no primeiro grupo. Quem fala demais está sujeito a micos e pisadas de bola muito mais do que as pessoas do segundo grupo. Pisei na bola essa semana com uma amiga. Muita convivência com muitas pessoas, muita coisa na cabeça e falando demais sempre dá nisso. Ontem saí com duas pessoas. Uma delas estava esculachando um prestador de serviço. Adivinha quem estava na mesa do lado?

Essas coisas acontecem. A gente fica se sentindo mal e se arrepende de falar demais. E prometemos para nós mesmos que nunca mais vamos abrir a boca para falar algo desnecessário e que vamos fazer aquele retiro espiritual de 10 dias com voto de silêncio para aprender a domar a língua. Mas aí conhecemos pessoas novas e descobrimos que é só falando, às vezes demais, que as relações ficam interessantes.

Quem fala de menos não faz inimigos, mas também não faz muitos amigos e acaba engolindo um monte de sapos desnecessários.

Um célebre professor da USP perguntou se eu gostaria de publicar um trabalho que fiz para sua matéria no meu segundo ano de graduação. Neste trabalho, eu estava esculachando um crítico do jornal ******, dizendo que seu trabalho sobre o autor ****** era superficial e que não conseguia ir além do óbvio, e que era patente que o crítico não parou para realmente analisar os poemas um a um antes de publicar o seu achismo.

Minha resposta ao professor: - Publicar?! Como assim? Professor, eu sou uma aluna de graduação e estou metendo o pau no ********, do jornal *****.
Ele: - Então. Esse é o mais legal. Você é aluna da graduação e está provando que ******** é medíocre.
Eu: - Não sei não, professor.
Ele: - Existem duas formas de ser alguém no mundo acadêmico. Uma é você escolher um objeto de estudo e estudar como uma demente. Mestrado, doutorado, pós-doutorado, mil publicações, e falar tanto tanto tanto daquilo que seu nome será automaticamente associado ao daquele autor ou obra.... depois de uns 40 ou 50 anos.
Eu: ...
Ele: - A outra forma é mais rápida. Você escolhe alguém e esculacha. Mas não vale falar um pouquinho mal. Esculacha mesmo. Fale muito alto e muito mal, exagerando em tudo. Por exemplo, o último que esculachei foi o *****. Aí a família dele veio para cima, com advogado e tudo, foi aquele auê. Aí vou ter que publicar um pedido de desculpas no jornal onde esculachei o cara. De novo.
Eu: - Como assim "de novo"?
Ele: - Ah, eu vivo publicando pedidos de desculpa. Faz parte. Quando esculacho alguém, me empolgo e às vezes falo o que me dá na telha, falo sem fundamento. Mas aí tudo bem, publico as desculpas. Muitas vezes me desculpo pela metade. Chamei o ***** de idiota, medíocre e putanheiro. Vou me desculpar por ter chamado o cara de putanheiro, pois não tenho como provar que ele pagava as moças, mas continuo dizendo que ele é medíocre.
Eu: - Entendo.
Ele: - Quanto mais as pessoas me odeiam, mais importante eu fico.

Eu entendi o ponto de vista dele. E essa foi uma das primeiras vezes que percebi que a carreira acadêmica não era para mim. Eu não estava disposta nem a me debruçar sobre uma coisa para o resto da vida e nem a arrumar inimigos gratuitamente.

Mas me fez pensar que falar o que se pensa, falar impensadamente, falar simplesmente, tem seus riscos. Sempre.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Clube dos Seis (ou mais)

Estava vendo a quantidade de amigos que estão em situação parecida com a minha e, juntamente com a , fiz uma piada, dizendo que já podemos fundar um clube. Se preencher os requisitos, junte-se a nós! A camiseta só não é grátis porque estamos sem grana!

1) Estar na faixa dos 30 anos (pessoas de 28 ou 29 também serão aceitas. A regra não é tão rígida. Aceitamos quarentões também);
2) Não ter emprego fixo;
3) Ter acabado de passar por uma mudança muito grande (ex: separação/divórcio, voltar a São Paulo após período longo no exterior) e estar perdido;
4) Ter certa qualificação (ex: faculdade, línguas estrangeiras, conhecimentos de informática etc.);
5) Ter pouca ou nenhuma perspectiva de recolocação no mercado (subemprego não conta);
6) Estar se questionando se as escolhas que fez na vida foram acertadas ou se você simplesmente perdeu tempo;
7) Não ter a menor ideia do que vai fazer nos próximos anos.

Benefícios para sócios:
- Inscrição e anuidade grátis;
- Poder reclamar da vida à vontade (sempre haverá alguém que o compreenderá);
- Ficar sabendo de promoções, lugares baratos e programas grátis em primeira mão;
- Grupo de estudos para concurso público;
- Conhecer pessoas novas que podem conhecer outro solteirão/solteirona na faixa dos 30 para te apresentar;
- Poder comemorar freelances, ainda que insignificantes, e a galera vibrar junto com você;
- Excursões para feiras de cursos e trabalhos no exterior;
- Pacote promocional de consultas com vidente, tarólogo e pai-de-santo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Amigos

Em geral achamos que nossos melhores amigos são aqueles que nos acolhem quando estamos frágeis.

Muitas vezes, no entanto, as pessoas que mais se importam conosco são aquelas que dão as mais duras patadas, justamente quando estamos mais frágeis.

[EDIT: Tiklos: eu tentei mandar e-mail para você 3 vezes e a mensagem voltou as 3 vezes :( Você poderia conferir se deixou o endereço correto? Ou me escreve: morwenzzz@gmail.com]