quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Thermometer - Termômetro

I once had a boyfriend. His name was L. and we stayed together for four years. He used to live close to my house and he worked very near USP, where I studied. So, every day, he would pick me up at home and take me to university. I would then go to work after class and he would pick me up at work. Every single day. We would then have dinner together and he would leave my house at around 11 PM. Weekends were not very different.

When we traveled, we would choose a place and go together. Always together.

I needed to buy cigarettes, he would go with me. He needed to go to the supermarket, I would go with him.

And four years had passed.

One day he told me, "We're traveling with C. and A. to _______ on the holiday. I'll pick you up on Friday at 7 PM." And, for the first time, my answer was, "Sorry. We're not. We're going to ________ with V. and R."

I remember having a huge argument, but in the end we decided on the most unlikely solution: he would go to one place and I would go to the other place.

I spent three wonderful days. Alone. My friends decided on a different kind of trip and I left them after one day.

When I came back, I put his belongings in a box and I was just about to go to his place when the door bell rang. He had a box with my belongings. We shook hands and said goodbye.

For six months, it was very difficult for me to go to the bakery and buy cigarettes. I was afraid. I was scared. I wasn't afraid of being robbed, mugged or anything. I was afraid of the world.

After four years and six months I realized I did not like the person I had become.

Nowadays, this is what I take into consideration when I'm seeing someone. Do I like the person I'm becoming?

Sometimes I see couples who have not been in love for a long time. They stay together. Just because they've never asked themselves if they like the people they are. Maybe.

***


Eu tive um namorado uma vez. Seu nome era L. e namoramos por quatro anos. Ele morava perto da minha casa e trabalhava perto da USP, onde eu estudava. Então, todos os dias, ele me pegava em casa e me levava para a faculdade. Depois eu ia direto para o trabalho e ele me buscava lá. Todo santo dia. Aí jantávamos juntos e ele saía da minha casa por volta das onze da noite. Finais de semana não eram muito diferentes.

Quando viajávamos, escolhíamos um lugar e íamos. Sempre juntos.

Se eu precisasse comprar cigarros, ele ia comigo. Se ele precisasse ir ao supermercado, eu ia com ele.

E quatro anos se passaram.

Um dia ele me disse: “A gente vai viajar com o C. e o A. para _______ no feriado. Te pego às 7 da noite de sexta.” E, pela primeira vez, minha resposta foi: “Desculpa, mas não vamos. Vamos para ________ com a V. e a R."

Lembro de ter quebrado um puta pau, mas no final das contas decidimos pelo mais improvável: ele iria para um lugar e eu para outro.

Eu passei três dias maravilhosos. Sozinha. Minhas amigas acabaram decidindo por um tipo de viagem que eu não estava muito querendo e me separei delas depois de um dia.

Quando voltei, coloquei as coisas dele numa caixa. Estava prestes a sair de casa para levar a caixa para a casa dele quando a campainha tocou. Ele estava carregando uma caixa com as minhas coisas. Apertamos as mãos e nos despedimos.

Por seis meses me pareceu muito difícil ir até a padaria que fosse para comprar cigarros. Eu tinha medo. Não era medo de ser assaltada ou algo do tipo. Eu estava com medo do mundo.

Após quatro anos e seis meses, percebi que não gostava da pessoa que havia me tornado.

Hoje, é isso que levo em consideração quando estou com alguém. Eu gosto da pessoa que estou me tornando?

Às vezes vejo casais que não se amam mais há muito tempo. Mas eles ficam juntos. Simplesmente porque nunca se perguntaram se eles gostam da pessoa que se tornaram. Talvez.

4 comentários:

  1. Oi Patricia, eu estava brincando quando deixei o comentario sobre o blog bilingue. Pelo comentario que voce deixou no meu blog, achei que tinha sido de la que voce tinha tirado a ideia... :-)

    Eu so escrevo em ingles para os meus amigos que nao falam portugues. Meu blog comecou como um meio de comunicacao menos problematico que os e mails de massa.

    Interessante o seu post de hoje. Eu sempre digo pro meu marido que eu sou uma pessoa melhor depois que o conheci. Ele me traz paz e um pouco de balanco. e em troca, eu trago uma tormenta pra vida dele...kkkk

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  2. Oi Paty, eu também penso muito nisso e não apenas emrelação a namorados, mas amigos. Só gosto de me relacionar com pessoas que me estimular a ser melhor e a gostar mais daquilo que estou me tornando.
    E muito bom você ter escrito isso. Gostaria que mais pessoas tivessem acesso ao seu blog para que pudessem ter consciência disso ou ao menos se perguntar uma vez na vida se estão satisfeitos com os rumos que sua vida está levando.
    Beijos

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  3. Depois de escrever um comentário enooorme, eu mensagem de erro aqui e não sei se chegou a ser salvo.
    Em resumo, eu queria que mais pessoas pudessem ter acesso ao seu blog para que pelo menos uma vez na vida se questionassem sobre isso, se estão felizes ou satisfeitos com o que se tornaram....
    O mais comum é ver pessoas se acovardando, se acomodando na mesmisse, na segurança de um relacionamento "sólido".
    Que triste...
    Beijos

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  4. É o L. que eu conheço? rs

    Imagino o quão importante teve esse gesto de ambas as partes...

    Kisu!

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