sábado, 2 de outubro de 2010

Lei Seca, um parênteses e alguma revolta

Nasci, cresci e vivi por quase trinta anos no mesmo bairro.

Dos amigos de infância, poucos restaram por estas bandas (até eu saí, mas voltei após três anos de exílio). No entanto, uma vez por ano ocorre o reencontro do pessoal. Normalmente é próximo ao Natal, quando todos voltam a São Paulo para ver os familiares.

O email e a tecnologia acabaram tornando viável o contato rápido e conseguimos organizar essa reunião com relativa facilidade. E é hoje: a Festa da Lei Molhada (em oposição a "Lei Seca"), já que amanhã é dia de eleições e vamos todos votar. Abro um parênteses que dá muito pano pra manga: e votar consciente, hein, galera! Nada de palhaços ou mulheres-fruta, ou nazistas disfarçados de esquerdistas, ou direitistas disfarçados de esquerdistas. O voto direto é um direito conquistado. É um voto de confiança. É eleger quem vai mandar no nosso país e com o salário pago dos nossos bolsos! Você contrataria um palhaço, um pagodeiro ou uma dançarina de bordel para gerenciar sua empresa com o salário de doze mil reais pago do seu bolso? Eu não. Então por que caralhos estamos fazendo isso com o nosso país?! Fecho parênteses.

Muitos estão casados e trazem seus companheiros. E a primeira da turma do bairro está carregando na barriga o rebento (é... para ela, a festa vai ser da Lei Seca mesmo).

O que adoro desses reencontros é saber que a amizade que nos acompanhou na infância e na adolescência permanece. E que não é aquele reencontro hipócrita de pessoas absolutamente estranhas que vão passar quatro horas em uma mesa de bar, fingindo que estão se divertindo, enquanto discorrem incansavelmente sobre seus empregos dos últimos X anos, comparando seus sucessos, medindo os seus bolsos e desfilando seus bens para, dali a outros X anos, organizarem um outro reencontro de 2X anos e fazer tudo aquilo de novo.

Esses são reencontros presentes. E não passados.

Eu já comprei o goró para a Festa da Lei Molhada e daqui a pouco vou para lá. A pé. Sem medo de blitz. Vantagens de se comemorar a amizade ali na rua de cima. =)

4 comentários:

  1. O título já vale o texto. Penso que a insinuação ficou ótima. Qual parêntese e que revolta? Só mesmo lendo!
    Soberba a ideia da festa da lei Molhada. Os amigos e essa cumplicidade que, entre tantos anos, não morreu ou se tornou superficial. Poucos têm esse privilégio.
    Sobre o parêntese. Não acompanhei as eleições e espero que esses tipos que você citou sejam apenas exemplos e não candidatos reais... Porra, pagodeiro no planalto? Coisa para evangélico sair recitando o apocalipse porque é um sinal do fim!

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  2. Entre escombros de uma sociedade, uma fresta para um reencontro de verdade. São eles, cada vez menos, nossos reais amigos, e as oportunidades de reencontrarmo-os.

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  3. Eu tenho medo da Lei Seca! Foram os quase 800 reais mais mal gastos da minha vida.

    Bom resto de fim de semana.

    Bjos

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  4. Posso ser uma excessão, mas sou a favor da Lei Seca... Teve uma mulher que trabalha na empresa onde trabalho que disse que o cara estava tão bêbabdo que ele levou uns 6 minutos pra votar... e deixou o cheiro de álcool mais de 20 minutos de deixar a seção...

    Kisu!

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