quarta-feira, 27 de abril de 2005

A Dor

Algumas pessoas têm medo da dor. Sei lá. Eu acho que ela nos faz ver que estamos vivos também. Não sou masoquista nem nada do tipo, mas prefiro a dor ao nada.

Para quem não está acompanhando a novela, acho que fica mais fácil dizer que terminei meu namoro. Nem sei se eu deveria estar escrevendo ou expondo a dor. Mas se o papa pode, por que eu não? E o blog é meu. Lê quem quer.

Não ouvi críticas. Não ouvi merda de ninguém. Acho que é porque tomei a decisão certa. Mesmo no amor temos que ser razoáveis. Não digo que devemos agir racionalmente. Mas sermos razoáveis. Mesmo gostando muito da outra pessoa. Quando começamos a nos destruir, estamos destruindo a outra pessoa também. Eu já vi esse filme e já sei o final. Toda concessão grande demais (as pequenas, que não mudam nossa essência, a gente faz com prazer), pelo menos no meu caso, vira ressentimento. Eu me conheço o suficiente para saber que não consigo arcar com uma concessão que tire a minha individualidade.

Quem esteve próximo a mim nos últimos 10 anos, viu o quanto eu batalhei para chegar onde estou. Viu o quanto de dificuldade que eu tive que enfrentar (interna e externa). Viu meus não-sei-quantos anos de terapia. Viu quando eu saí de casa. Viu quando eu voltei. Viu quando eu desisti da USP. Viu minha depressão. Viu quando eu voltei. Viu o quanto foi difícil (um pouco mais no meu caso) acertar meus objetivos de vida, saber para onde vou e o que quero para o meu futuro. Meu futuro não é absoluto, nem inflexível. Mas, de modo algum, ele será moldado por outra pessoa que vai me deixar sozinha quando eu mais precisar dela.

Eu não abro mão de quem eu sou. E ponto final.

Sei que fiz tudo o que eu podia. Fiz além do que eu podia. Não sinto um pingo de culpa. Não sinto que o abandonei. Ele me abandonou antes. Eu só parei de correr atrás. Talvez a minha culpa seja não ter avisado que minhas concessões eram concessões. Eu odeio jogar na cara coisas do tipo "fiz isso por você", mas acho que devia ter jogado. A pessoa se acomoda e começa a achar que suas concessões são "naturais".

"Natural" é quando eu falo palavrão. É quando o escorpião sai da toca e mostra o ferrão. "Natural" é quando eu devolvo o tapa que eu recebo ao invés de sorrir para agradar sabe se lá quem. "Natural" é fumar dois maços de cigarro por dia e mandar tomar no cu quem vier encher o saco. "Natural" também é ficar dormindo se estou com sono.

NÃO ME É "NATURAL" ABRIR MÃO DISSO. Mas eu abro. Eu também tenho um lado muito romântico, meigo e doce. Mas não é meu único lado, caralho. Uma vez eu vi um adesivo de pára-choque que era a minha cara:
"51% sweetheart
49% bitch
Don't push"

Eu não sou uma pessoa egoísta. Mas seja egoísta comigo e vai ter uma pessoa extremamente egoísta ao seu lado. Ainda que por pouco tempo, porque uma hora eu me toco e vou embora.

Eu me envolvo. Eu me jogo de cabeça. Eu não sei karatê. Eu não sei deixar o pé atrás. Mas não me deixe do lado de fora do seu castelinho de pedra porque eu não sei esperar (ainda mais pelo incerto). Uma hora eu me convenço de que não sou bem-vinda. E nessa hora, adeus. Independente de sentimentos, adeus.

Sei lá. Já estou craque em abrir meu peito para o nada. Não é a primeira vez e não sei se será a última.

Mas eu não desisto não. Sabe por quê? Porque eu não tenho medo de dor.

Viver implica correr riscos. Quanto maior o risco, maior a recompensa. Quem fica enclausurado com medo da dor também tem medo de ser feliz.

hehehe isso está parecendo o programa de auto-ajuda que eu ouço de vez em quando na rádio quando estou indo para o trabalho... Viva não ter ido trabalhar hoje para chorar a noite e o dia inteiro. Amanhã eu vou. Fone de ouvido e telefone fora do gancho. Talvez MSN desligado. Mas a vida continua e amanhã eu vou trabalhar. Hoje bati nos 36,5kg. Amanhã eu volto a comer também. Acabou a dieta da dor. Embora ela fique ali... persistente... aguda... uma hora vai cicatrizar... deixar uma marca... e passar.

Acho que vou ao cabeleireiro também. E fazer compras.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

Perdi minha poesia

Era uma vez uma menina poeta que não sabia que era poeta.
Passeou pela música, pelas tintas e pelos espinhos.
E não sabia que era poeta.

Um dia, juntou os papéis com tinta borrada e marcas de copo de cerveja.
No outro dia, organizou tudo e criou um arquivo.
No terceiro, entrou um ladrão em casa. E levou sua poesia.

Para nunca mais ser lida...

E a menina ainda não sabe que é poeta.

domingo, 17 de abril de 2005

Stand by

Talvez eu compre uma bicicleta. Talvez eu me mude para Corumbá. Talvez eu fique mulher-escritório para sempre. Talvez eu precise de um plano odontológico. Mas talvez, eu só precise de um bom livro.

Odeio perder o controle da minha vida.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Cidadão Kane, macacos e outras considerações

Estou lendo um livro chamado "Ria da minha vida, antes que eu ria da sua", que o Dani me emprestou. É um livro bem-humorado que me ensinou ótimas técnicas para ser mandada embora. Eu utilizei a melhor delas: a do macaco. Ela consiste em sugerir ao seu diretor do departamento pessoal que empreste um macaco do zoológico e ensine-o a fazer o serviço de corno que ele está tentando te passar (descrita de forma muito mais educativa e engraçada no livro, lógico). Eu floreei a técnica ao acrescentar que um macaco seria um ótimo investimento para a empresa, uma vez que ele trabalharia pela metade do meu salário, com o dobro de eficiência e 5 vezes mais felicidade e satisfação.

Enfim. Não deu certo. Não me mandaram embora. Mas saiu melhor que a encomenda. A partir de ontem estou desobrigada a aceitar os trabalhos de corno que me passam, tenho carta branca para tomar qualquer atitude que possa vir a aumentar os lucros da empresa, tenho objetivos claros e específicos, não tenho mais que fingir que não bato mais o cartão e peço para os outros fazerem isso por mim (porque eu falei isso na cada dele), não tenho mais chefe e meu salário será renegociado.

Lição de moral: nunca tenha medo de rodar a baiana. Se você for o que eles estão procurando, eles farão de tudo para você ficar (mesmo usando os termos "estou pouco me fodendo", "trabalho de corno", "porra de ponto que fica na puta que pariu", "inútil" e "idiota").

Mas o que Cidadão Kane tem a ver com tudo isso?

Na verdade, nada. Mas eu precisava expressar a imensa surpresa que acomete meu ser quando as pessoas admitem nunca terem assistido esse filme. Eu assisti umas 15 vezes (das quais eu dormi 3, mas tudo bem) e é sempre um novo filme, com novas possibilidades. Assim, para quem tem a pachorra de nunca ter assistido Cidadão Kane, é lição de casa. Não é um filme "legal". Não tem perseguição. Não tem assassinato. Não tem explosão. Nem gente pelada tem. Mas é lição de casa e ponto final.

Agora que eu tenho trabalho para fazer e posso recusar trabalho de corno, volto mais feliz para a minha cadeira que dá dor nas costas, para a rotina estúpida da mulher-escritório, para a manicure e pros meus cremes anti-rugas. Acho até que vou ficar loira essa semana.

E toda a teoria do "te dou um pequeno aumento no salário e triplico o seu trabalho para você ir ficando na empresa" se confirma.

A mulher-escritório agora pode trocar o som do carro. E junta mais rápido uma graninha para poder largar o escritório e se dedicar somente à pós-graduação...

segunda-feira, 4 de abril de 2005

[Motosserra Mode On]

“Apesar do sucesso, o filme tem um erro no título: Tom Cruise NÃO é o último samurai
Um alemão com roupas camufladas e brandindo uma espada samurai atacou pelo menos sete pessoas em um bosque no oeste de Berlim, mostrando truques com a espada antes de mandá-los embora do local. A informação foi divulgada nesta sexta pela polícia local.” (
fonte)

Aparentemente, não sou só eu que estou em modo motosserra de funcionamento...

Aliás, já passei do modo motosserra. Entrei em modo lança-chamas.

A rotina de uma vida odiosa faz com que ignorantes sejam criados. Eu já estou começando a acreditar que a força bruta, o extermínio e o massacre sejam o melhor para a sociedade. Pedi um lança-chamas de presente de aniversário. Que se danem as diferenças, que se danem os famintos e os doentes. Mata todo mundo. Mata motoqueiro. Mata gente que anda no meio da rua. Mata os idiotas. E PRINCIPALMENTE os desafinados com microfone!

Me sinto numa TPM constante. Acho que desde a época da Fisk que eu não me sentia assim. É horrível. Eu odeio me sentir assim.

Não aguento mais paliativos. Preciso mudar de vida. URGENTE.