Às vezes eu me esqueço de um ditado que eu mesma defendo: "se não tem nada de bom a dizer, então não diga nada". Aí me dei conta que este blogue acabou virando um cantinho de lamentações pessoais e há muito deixou de ser um espaço de discussão saudável. Pois é... Com alguns anos de estrada blogueira (antes no ig, depois no weblogger e agora aqui), acabei perdendo a noção.
Vivemos em um mundo tão egoísta que muitas vezes não nos damos conta de que nos tornamos nós mesmos vítimas da ideologia. Ainda mais, no meu caso, fora da universidade - que, por pior que seja, é sempre um espaço de questionamentos - e engolida pelo mercado de trabalho em tempo integral.
Eu sempre achei péssimo quando alguém precisa rebaixar os outros para poder ser alguém (ou achar que é). E o fato de algumas pessoas com quem convivo agirem assim me fez ver que devo estar fazendo o mesmo aqui. Minhas reclamações não deixam de ser, de certa forma, uma crítica social, mas de qualquer forma, eu cansei do meu próprio negativismo.
Muita coisa boa tem acontecido na minha vida, mas às vezes sinto que apenas o absurdo e a indignação acabam me levando a postar. Vou falar de uma coisa boa que aconteceu e que, ao mesmo tempo, é um absurdo: meu noivo e eu nos endividamos até os ossos, mas compramos nosso imóvel.
O que é absurdo nisso? O absurdo é que as pessoas se espantam com isso e acham que estamos cagando dinheiro.
Direito de resposta: Não. Nem eu e nem o Daniel viemos de berço de ouro. Só que, ao invés de comprar celular em 10 parcelas com câmera que tira foto, filma, canta e dança a Macarena, nós guardamos o dinheiro. Mesmo ganhando pouco, tanto ele como eu conseguíamos guardar nem que fossem 10 reais no mês. Ao longo dos ANOS (e bota ano nisso...) e juntando os dois, isso dá uma quantia considerável de dinheiro para dar de entrada num imóvel.
A maior parte das pessoas fica esperando "conhecer a pessoa ideal" antes de pensar em juntar dinheiro para o imóvel. Pensando assim, deve parecer mesmo que estamos cagando dinheiro. Mas, sabe aquela poupança "imexível"? A minha estava "imexida" havia 22 anos. Mesmo quando eu não conseguia colocar dinheiro lá, eu também nunca tirei. Mesmo nos apertos mais apertados, eu fingi que ela não existia. Graças a Deus ninguém ficou doente na minha família e nenhum outro imprevisto surgiu no meio do caminho.
Sei lá. Eu acho que a gente tem sempre que se planejar para o futuro. Eu podia ter comprado uma Caloi Cross e não comprei. Podia ter tido um rádio bem legal e não tive. Podia ter ido mochilar pela Europa (bem apertado, digamos) e não fui. Podia ter feito um monte de coisa que não fiz com o dinheiro que esqueci naquela poupança. Mas hoje, depois de tantos anos de ressentimento pelas coisas que não fiz e que não comprei com aquela poupança, me sinto uma pessoa muito realizada, que vai pagar prestação do imóvel, e não aluguel. E, para mim, nenhum walkman ou Nike Air Max Blaster Plus vale isso.
Farei um acordo não firmado em contrato comigo mesma. Quando eu não tiver nada de bom para postar, ficarei em silêncio virtual, aguardando a chance de poder contribuir um pouco com a alegria cotidiana de uma cidadã comum de uma metrópole como tantas outras no mundo.
PS. Mas, só porque eu não resisto: alguém mais está vendo a Terceira Guerra Mundial começando ou é paranóia minha?
Vivemos em um mundo tão egoísta que muitas vezes não nos damos conta de que nos tornamos nós mesmos vítimas da ideologia. Ainda mais, no meu caso, fora da universidade - que, por pior que seja, é sempre um espaço de questionamentos - e engolida pelo mercado de trabalho em tempo integral.
Eu sempre achei péssimo quando alguém precisa rebaixar os outros para poder ser alguém (ou achar que é). E o fato de algumas pessoas com quem convivo agirem assim me fez ver que devo estar fazendo o mesmo aqui. Minhas reclamações não deixam de ser, de certa forma, uma crítica social, mas de qualquer forma, eu cansei do meu próprio negativismo.
Muita coisa boa tem acontecido na minha vida, mas às vezes sinto que apenas o absurdo e a indignação acabam me levando a postar. Vou falar de uma coisa boa que aconteceu e que, ao mesmo tempo, é um absurdo: meu noivo e eu nos endividamos até os ossos, mas compramos nosso imóvel.
O que é absurdo nisso? O absurdo é que as pessoas se espantam com isso e acham que estamos cagando dinheiro.
Direito de resposta: Não. Nem eu e nem o Daniel viemos de berço de ouro. Só que, ao invés de comprar celular em 10 parcelas com câmera que tira foto, filma, canta e dança a Macarena, nós guardamos o dinheiro. Mesmo ganhando pouco, tanto ele como eu conseguíamos guardar nem que fossem 10 reais no mês. Ao longo dos ANOS (e bota ano nisso...) e juntando os dois, isso dá uma quantia considerável de dinheiro para dar de entrada num imóvel.
A maior parte das pessoas fica esperando "conhecer a pessoa ideal" antes de pensar em juntar dinheiro para o imóvel. Pensando assim, deve parecer mesmo que estamos cagando dinheiro. Mas, sabe aquela poupança "imexível"? A minha estava "imexida" havia 22 anos. Mesmo quando eu não conseguia colocar dinheiro lá, eu também nunca tirei. Mesmo nos apertos mais apertados, eu fingi que ela não existia. Graças a Deus ninguém ficou doente na minha família e nenhum outro imprevisto surgiu no meio do caminho.
Sei lá. Eu acho que a gente tem sempre que se planejar para o futuro. Eu podia ter comprado uma Caloi Cross e não comprei. Podia ter tido um rádio bem legal e não tive. Podia ter ido mochilar pela Europa (bem apertado, digamos) e não fui. Podia ter feito um monte de coisa que não fiz com o dinheiro que esqueci naquela poupança. Mas hoje, depois de tantos anos de ressentimento pelas coisas que não fiz e que não comprei com aquela poupança, me sinto uma pessoa muito realizada, que vai pagar prestação do imóvel, e não aluguel. E, para mim, nenhum walkman ou Nike Air Max Blaster Plus vale isso.
Farei um acordo não firmado em contrato comigo mesma. Quando eu não tiver nada de bom para postar, ficarei em silêncio virtual, aguardando a chance de poder contribuir um pouco com a alegria cotidiana de uma cidadã comum de uma metrópole como tantas outras no mundo.
PS. Mas, só porque eu não resisto: alguém mais está vendo a Terceira Guerra Mundial começando ou é paranóia minha?