quarta-feira, 30 de junho de 2010

Julho

Tenho medo da minha agenda.

Se não ouvirem falar de mim, é porque estou louca.

Até a volta. Lexotan na veia enquanto morro de inveja das pessoas cheias de malas indo para a rodoviária.

domingo, 27 de junho de 2010

Fé no mundo

Não faz muito tempo postei neste mesmo blog um texto que falava do mesmo assunto: a fé no mundo. (Clique aqui para ler) Eu havia acabado de me separar e de deixar um emprego fixo, com salário e benefícios razoáveis, sem ter absolutamente nada em vista: só a vontade de fazer minha própria vida.

Passado um semestre, me deparo com a mesma situação. (Porque a vida de professor é organizada em semestres).

Diante das várias bifurcações (ou "polifurcações") que a vida nos oferece, me vi novamente em dúvida entre o certo e o duvidoso.

No certo, eu ganharia X por mês e morreria de trabalhar, não me restando tempo para tocar projetos pessoais. Já conheço o serviço e sei que não ia dar para levar numa boa. Embora seja um trabalho legal e o desafio me anime bastante, sei que não serei valorizada e vou me estressar com isso.

No duvidoso, além de eu não ter a certeza de ser aprovada no processo seletivo (que vai até a segunda quinzena de julho), eu ganharia menos do que 1/3 de X.

Qualquer pessoa normal aceitaria o certo. Certo? Adivinha qual caminho vou trilhar?

Chamem-me de louca, de idiota ou de sem noção. Tenho a mais absoluta certeza de que, no emprego certo, em menos de um ano eu estaria insatisfeita e frustrada.

Mais uma vez, terei fé no mundo e vou arriscar. Antes o duvidoso do que a certeza de um aborrecimento.

Sou aquela pessoa que chama uma carteira de 50% em renda fixa e 50% em variável de "moderada". (Ah, gente. "Agressivo" é do tipo 100% em variável.)

Meu avô já falava que podemos viver de dois jeitos: curto e grosso ou comprido e fininho.

Passei alguns anos tentando viver comprido e fininho. E é claro que não deu certo.

Lá vou eu, mais uma vez, esperar o melhor do mundo. Quem sabe dessa vez não me dou bem?

[Foda-se MODE ON]

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O preço da alma

Todo mundo fala em dinheiro. Ok. É importante. Mas, no final das contas, será que é só isso que conta?

Conversando com colegas tanto da área como de outras, cheguei à conclusão de que o preço da nossa alma é de cerca de R$ 2.000,00 por mês, com pequenas variações.

No geral, independentemente do valor do berço onde se nasceu, quem está feliz e realizado, fazendo o que gosta, ganha menos ou cerca de R$ 2.000,00 (líquido) por mês.

Conheço pouquíssimos que ganham muito mais do que isso e estão realmente realizados profissionalmente. (A alma deles é um pouco mais cara que a média.)

As pessoas falam que nós, profissionais da educação e das Letras, somos idealistas. Sim, somos. Ou isso, ou somos loucos. Ninguém em sã consciência escolhe uma carreira que se sabe desvalorizada no país buscando ascensão social.

Ainda não quero vender a alma. Há sempre essa possibilidade - que vai diminuindo ao longo das décadas. Eu mesma penso de tempos em tempos em mudar de área, prestar Direito, concurso público para qualquer merda... Mas ainda acho que o caminho não é por aí.

Profissionais das humanidades, docentes, escritores e toda a plebe culta que nos acompanha: o que precisamos é fazer com que o nosso trabalho seja valorizado. E não sair buscando um emprego para apodrecermos atrás de uma mesa num cargo imbecil.

Agora vou voltar para a minha busca por um emprego fixo que me pague perto do preço da minha alma. Passei um semestre freelando vira-latamente e me virei legal, mas ainda não sei se foi por competência, network, sorte, destino ou a combinação de todos os fatores. Pretendo continuar freelando, mas não sei se posso arcar com a decisão de viver só disso. E quem souber de algum apertamento de dois cômodos em bairro mais próximo do centro do que o Itaim Paulista, estou buscando.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Copa do Mundo

Só para constar, não gosto, não ligo, não podia me importar menos. O que me incomoda é o barulho e a loucura das pessoas. Uma outra pessoa incomodada com as vuvuzelas (e desocupada) resolveu tirar um sarro e fez esse vídeo:



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ovelha negra

Quem tem irmãos sabe que toda família tem o certinho e o drogado.

O (A) certinho (a) economizava dinheiro da mesada para comprar os brinquedos que queria, tirava boas notas na escola, nunca levou advertência para casa, chorava quando levava ponto negativo, pedia carona para os pais quando saía (se saía) e sempre voltou no horário combinado. Seguiu a carreira que os pais indicaram, na faculdade que eles sonhavam, casou-se com um (a) menino (a) de família e por aí vai.

O (A) drogado (a) - a.k.a. "ovelha negra" -, mesmo que nunca tenha usado drogas, foi adolescente de manual de psicologia. Ainda que fosse inteligentíssimo, tirava nota para passar (ou nem isso), saía escondido, voltava dias depois, fumava, bebia, às vezes usava drogas também, saía com as pessoas mais esquisitas, pintava/raspava/deixava o cabelo crescer (o que fosse mais contestador em sua época) e só passava em casa para comer (quando se lembrava disso) e deixar a roupa para lavar. Carreira? Nada de convenções. O drogado segue suas convicções, por mais piradas que sejam, sem se importar com o que os outros vão pensar (ainda que seja uma carreira convencional, tá?).

Não importa. O drogado é sempre o drogado. Se ele faz algo de coração, acham que é por interesse. Se ele faz algo errado, já era esperado.

A imagem que os outros têm de nós é construída (ou destruída), mas é muito difícil alterá-la.

Eu sou a drogada da minha família. Quando me casei, foi surpreendente. Quando me casei de branco, foi uma coisa do outro mundo. Mas, quando me separei, ninguém na minha família se espantou. Ainda que eu decida virar freira, não vai passar de "essa é a nova onda da Patricia".

Felizmente não me incomodo mais com o estigma. A enorme vantagem de ser a drogada na vida adulta é que tenho liberdade para fazer o que eu quiser, como quiser e quando quiser, que ninguém vai se espantar ou me julgar. Porque já fui julgada e já fui condenada anos atrás, e a sentença é perpétua.

E tem uma coisa que todo mundo se esquece: os ovelhos negros se viram sozinhos e se viram bem, porque lutaram a vida toda por independência financeira, emocional, ideológica ou o que quer que seja.

Aqui estou eu, me virando. Contrariando todas as expectativas.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Traduzindo uma carta de recusa

TEXTO DE PARTIDA:

Prezado (a) Sr./Sra.

Gostaríamos de agradecer o interesse em trabalhar em nossa corporação. Nossa equipe ficou impressionada com sua experiência e muito satisfeita em conhecê-lo(a). Revisamos cuidadosamente o processo de seleção e, embora não tenhamos hoje uma vaga adequada às suas qualificações, gostaríamos de manter seu currículo ativo em nosso sistema. Continuaremos usando nosso banco de dados para encontrar uma vaga que se aplique ao seu perfil e entraremos em contato tão logo esta oportunidade se apresente.

Mais uma vez agradecemos seu interesse em trabalhar conosco.

Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,
(Assinatura)

TRADUÇÃO:

Você é um lixo. Seu currículo virou folha de rascunho e espero que não me importune para nenhum tipo de esclarecimento.

Entendeu? Ou quer que eu desenhe?

sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos Namorados: A Missão

Pra variar, mais uma data comercial no nosso calendário; estrategicamente posicionada entre o Dia das Mães e o Dia dos Pais, um período em que ninguém compra nada.

Para alguns, uma celebração.

Para outros, um estorvo.

Se algum namorado tropeçou neste blog, aproveite a dica:

Mulheres (as decentes, tá?) não se importam com o quanto você pagou no presente. Nós queremos que vocês gastem 10 ou 20 minutos de suas vidas pensando em um presente real. E não em 10 ou 500 reais.

Não existe "o que você quer ganhar, amor?". Isso não é um presente. Isso é uma compra. E cá para nós, gostamos de ir às compras sozinhas, sem ninguém importunando que está cansado ou que o período do estacionamento vai vencer.

Tive um namorado que me dava presente para ele. Ganhei uma tonelada de minissaias e blusas decotadas. É... Oi? Alguém já me viu de minissaia?! Nem na praia! Desnecessário informar que foi tudo para a campanha do agasalho quando o namoro terminou. Assim, quando virem uma garota de 14 anos vendendo bala no farol usando uma microssaia, não a julguem. E pode ser sim que tenha sido culpa minha.

Já vi gente dando ferro de passar roupa para a mulher. Olha, me desculpa, mas ferro de passar roupa não é presente, tá? É necessidade. Comprasse um brinco de R$ 0,50 na 25 de março. Pelo menos seria um presente e seria para ela.

Não esperamos nada de outro mundo não. Não precisa ser um passeio de barco na Baía de Guanabara à luz das estrelas, nem jantar no Fasano. Só esperamos que gastem 10 minutos do seu tempo encolhido entre uma reunião e outra para pensar no que realmente gostaríamos de ganhar. E não do que vocês gostam. E não do que precisamos.

Sabe uma coisa que adoro ganhar? Cartas. É. Aquelas, escritas a mão. E quanto custa isso? R$ 0,03? Não importa. Custa o tempo que a pessoa passou pensando naquelas linhas, o sentimento ali presente. Nenhum vestido, jóia ou sapato substitui isso.

E se você está sozinho, não fique se torturando com a data. Toda fase da vida tem coisas boas, inclusive a solteirice. Quando era menina, eu me sentia feia, burra, rejeitada e como se fosse a única pessoa sozinha no Dia dos Namorados. Aproveite a oportunidade e se dê um presente. Não algo de que precise. Nada de ferro de passar roupas. Um presente de verdade. E sem correr o risco de errar!

Nota: Layout novo no blog. Testando as ferramentas moderninhas do Blogger.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Espelho dos outros

O ser humano vê o mundo através de seus próprios óculos. Difícil aceitar a miopia e tentar se distanciar.

Há quem pense que sou piranha porque falo de sexo abertamente e sem tabus.

Há quem pense que sou arrogante porque não tolero falsa modéstia.

Há quem pense que sou tímida porque fico quieta quando não tenho nada a dizer.

Há quem pense que sou impulsiva porque tomo decisões rapidamente. (E, acredite, sou uma das pessoas mais racionais que conheço).

Há quem pense que sou fofa por causa da minha aparência miúda e japonesa.

Há quem pense que sou vulgar porque falo palavrão pra caralho.

Há quem pense que sou fresca porque gosto de cosméticos caros e sei andar de salto alto.

Há quem pense que sou burra porque leio literatura de massa e falo gíria.

Há quem pense que sou nerd porque sei qual é a diferença entre um orc e um troll.

Há quem pense que sou rica porque sei escolher minhas roupas e acessórios.

Há quem pense que sou pobre porque reclamo quando o preço do ônibus sobe.

Há quem pense que sou louca (essa é a grande maioria das pessoas) porque não tenho medo de como vão me julgar.

E muitas vezes sem se dar conta disso, todas essas pessoas que nos julgam, condenam e executam, são também diariamente julgadas, condenadas e executadas, pois não são elas as únicas portadoras de óculos exclusivos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cena de ciúme

Não sei como há gente que se presta a isso.

Coincidência ou não, os que têm companheiros ciumentos - estou me referindo a casos quase clínicos - são os que traem. Traem porque são cobrados ou são cobrados porque traem? Qual será o segredo de Tostines?

Ciúme de ex? Se é ex é porque acabou. E se não acabou, acabe você, porque seu (sua) parceiro (a) não sabe o que quer da vida. Ciúme da bunda da mulher no shopping? Fluoxetina para você, pelamordedeus. Você não olha quando passa um George Clooney do seu lado? Eu olho.

Pessoalmente, acredito que o ciúme e a possessividade são nocivos, contagiosos e a receita perfeita para estragar um relacionamento. Ninguém nasceu grudado. E é a falta de troca que mata qualquer relacionamento, seja ele familiar, amoroso ou de amizade. Se nenhum dos dois tem vida lá fora, como é que as ideias são recicladas e como é que vai haver troca?

Sou daquelas que quanto mais me enjaulam, mais quero fugir. Não me encarcere e saberá que estou onde estou porque quero.

Não vou dizer que nunca sinto ciúme. Me mordo por dentro, engulo as palavras, me enterro se for necessário. Mas, cena de ciúme, jamais. Não me presto a isso.


***

Nota 1: Minha pedra no rim continua lá, imóvel. Pelo menos não está mais inflamada e as dores são esporádicas e suportáveis.

Nota 2: Meu computador morreu de novo. Postando de outra máquina de novo.