terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ponto final

É triste porque não foi o monte de coisas que eu esperava que fosse.

Mas chega de se lamentar pelo que não foi.

Obrigada, D., pelo que foi. Se houver um reencontro, que seja de duas pessoas diferentes; que possam amar, confiar e respeitar. Por enquanto, adeus.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Um dia perfeito

Meu dia começou péssimo com água da chuva de ontem gotejando pelo teto do meu carro que era, até onde eu sabia, impermeável. Os semáforos  estavam embandeirados na avenida que preciso pegar e o trânsito estava parado como eu nunca tinha visto nos arredores da escola. Atrasei para a reunião que eu tinha cedo e, apesar de não ter levado bronca, fiquei chateada porque tinha mil coisas que eu queria conversar nesta reunião e não deu tempo. A primeira aula foi um caos e... blablabla

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Poderia ficar aqui enumerando todos os fatos cotidianos que poderiam ter estragado o meu dia. Aliás, não conheço uma só pessoa que tenha tido um dia perfeito na vida, embora todas elas se lembrem de vários. Quer saber? Nós fazemos os dias perfeitos. Somos nós que escolhemos dar a devida importância ao carro mofando ou àquela amiga de quem você estava morrendo de saudade e com quem você conversou por meia-hora no final do dia.

Os problemas cotidianos existem e sempre existirão. Cansar-se para dar manutenção na sua vida é cotidiano. Eu, pelo menos, imagino que é para isso que serve dinheiro e energia, por exemplo. Se o meu carro está caindo aos pedaços, ótimo. Porque eu tenho um. Se meus alunos estavam eufóricos hoje, ótimo. Porque eu tenho alunos. Se o trânsito estava horroroso, ótimo. Porque eu escolhi continuar vivendo nesta cidade.

Quando fazemos escolhas, assumimos (ou deveríamos assumir) as responsabilidades que as acompanham, ora essa. Para quem nem assume e nem percebe, isso tem nome e é psicose.

Mas, olha só. Neste mesmo dia do carro alagado, conversei longamente com a minha amiga e combinamos de fazer alguma coisa no Carnaval (baratinha, né? Porque esse carro vai me custar uma grana que não tenho. Mas ficar de papo e ver um filme em casa sempre dá). No mesmo dia da reunião quase perdida, recebi uma notícia ótima de um primo muito querido. E no mesmo dia em que eu quase me matei para controlar uma classe eufórica pós-recreio, recebi uma ligação de alguém muito especial que só queria dizer que me ama. 

O carro, o trânsito, a aula... tudo isso é ordinário e faz parte do meu cotidiano. Será que vale ficar me lamentando por isso? Passo. Prefiro me alegrar com as pessoas que fazem a minha vidinha cotidiana e ordinária valer a pena. No final é isso. A vida é boa por causa das pessoas e das relações que estabelecemos com elas e não com as contas que temos que pagar para poder ter essas oportunidades.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Educando

http://www.mshos.com/blog/welcome-back-to-school-
Acho que todo ano eu posto sobre o assunto, não? Mas não tem jeito. Professor que não sente friozinho na barriga no primeiro dia de aula é porque já engessou. Já robotizou. Já deixou de ser professor.

Hoje comecei no colégio novo. Por enquanto só no extracurricular. A partir de quarta-feira, carga cheia, no ensino regular também. =)

Muitas vezes vejo as pessoas comentando que professor tem vida boa, que "escolhe os dias de trabalho", "trabalha pouco", "reclama de barriga cheia".

Não vou ficar defendendo a classe porque isso cabe ao sindicato. No entanto, existe uma grande diferença - conceitual, eu diria - entre o professor (ou instrutor) e o educador.

Uma pessoa que sobe no tablado, despeja conteúdo na cabeça do aluno e testa se o aluno "captou" (o conteúdo) é um professor? Ué. Pode ser sim. Tive inúmeros desses. 

Aqui, no entanto, vou defender a figura do educador. E, independentemente de área, de série, de tipo de curso, existem professores ou instrutores e existem educadores.

O educador é aquele que não tem vida fácil. Que pode até escolher os dias em que estará presente na escola, mas não os dias de trabalho, pois trabalha todos os dias. Domingos e feriados, inclusive. E não me refiro somente à preparação das atividades. O educador reflete sobre suas práticas todos os dias. Ele aprende todos os dias. E isso dá um trabalho do cão. Ou você acha que sala dos professores só serve para vender bolo e Avon? Uma sala dos professores onde há educadores é um ambiente de troca, de reflexão, de dizer "putz, usei a atividade que você me emprestou e não deu certo no meu grupo. Por que será?". 

O educador pensa no conteúdo sim. É claro. É pago para isso. Mas, além disso, ele pensa também no modo como esse conteúdo vai ser trabalhado e quem é esse aluno que está diante dele e em como esse aluno está inserido no contexto histórico. 

E não é proibido errar. A educação é um eterno laboratório. Revelarei aqui um segredo milenar: quando o professor erra, é o aluno se sente culpado, burro e incapaz. Fórmula de sucesso, não? Fica fácil para o professor usar a desculpa "Eles são desinteressados e não querem nada com nada."

E acho que aí reside uma das principais diferenças entre um educador e um instrutor. O educador chama para si a responsabilidade e se pergunta como fazer para envolver aquele aluno. Por que será que ele está desinteressado? Como será que posso tornar isso aqui tão fascinante para ele como é para mim?

Ser educador dói. É reconhecer em si mesmo a incompetência diante do fracasso escolar do outro. É ter a humildade de se saber um eterno incompleto. Dói mesmo. Mas é também saber que, assim como nos fracassos, você também tem parte nos méritos.

Existem vários tipos de recompensa na educação. A menor delas é o salário, infelizmente. A segunda menor delas é quando você pergunta "O que aprendemos hoje?" e os seus alunos listam o que estava no seu campo "objetivos" do plano de aula. Sinal de que fiz o mínimo. 

Agora quando um aluno de 4 anos te pergunta "tia (primeiro dia de aula, vai. Hoje passa. hahaha), amanhã tem inglês de novo?"... Pô. Ganhei meu dia. =)

Um feliz ano letivo a todos os meus colegas educadores. 


Colegas professores-instrutores-despejadores-de-conteúdo, espero que possam se tornar educadores também. A classe, com sentido duplo mesmo, agradece.


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Recado para a Madoka: me passa o seu endereço (do blog), por favor? Entrei no seu perfil, mas não aparece link lá.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Príncipes, princesas e piriguetes

Essas postagens que estão circulando por aí criticando as piriguetes são tão machistas que me causam asco. Em tempo, essa é a única e última vez que usarei o termo "piriguete".

Quer dizer que um cara pode andar na rua sem camisa que, no máximo, vai ser chamado de "pedreiro". Uma mulher que usa saia curta é piriguete. Qualquer cretino quer uma princesa rosa. Mas se é mulher e usa saia curta, ela não tem direito a querer seu príncipe (rosa?). O tal do príncipe rosa sai no Carnaval e pega todas (piriguetes, portanto), mas no resto do ano se faz de é um perfeito gentleman. Portanto, príncipe. E rosa. Se a princesa rosa sai no Carnaval (e nem precisar pegar todos os "príncipes"), não é princesa. É piriguete. Não importa o que é no resto do ano. Se o príncipe rosa pega uma piriguete e bota chifre na princesa rosa, ela tem que ir para a torre chorar e esperar, fazendo tricô ou bordado, até que o príncipe volte. No seu cavalo branco, é claro. Se ela se vingar, é piriguete. E ai dela se quiser um cavalo branco próprio!

Isso é retroceder na luta que as mulheres travaram (e travam) há décadas. Daí a dizer que ela "pediu para ser estuprada" é um pulo. E derivam daí frases visivelmente machistas como "para o homem é currículo, para a mulher é antecedente".

O que é ser piriguete, afinal de contas?

Uma vez me deram uma definição, dizendo que piriguete é aquela mulher oferecida que destrói casamentos. Veja bem, se o príncipe fosse tão príncipe assim, não existiriam piriguetes. Certo? 

Agora, se ser piriguete é usar o que bem entende, fazer o que bem entende, sem medo de julgamento da avó, dos machistas, enrustidos ou declarados, e das testemunhas de Jeová, então, autoproclamados "cavalheiros", me desculpem. Mas sou muito mais as piriguetes do que as "damas" que vocês estão pedindo. Corrijam-me se estou com a definição errada, por favor.

Eu tenho, além do cavalo branco próprio, a chave da porta da torre para sair quando bem entender. E aposto que se a sua mãe não tem, ela bem que queria ter.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Outra expectativa

Estou devendo visita, estou devendo postagem, mas estou em planejamento por causa de outra expectativa: a volta às aulas. =) Escola nova, alunos novos, tudo novo (cadernos novos!!! AMO!). Se arrumar tempo, escrevo amanhã.