quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Milagres

Milagres acontecem todos os dias. As pessoas reclamam, reclamam, reclamam, mas não percebem que milagres acontecem todos os dias. A questão é que perdemos a capacidade de reconhecê-los.

Diante deste fato, faz-se necessário reconhecer um deles perante a entidade internetesca:

"Senhor! Eu reconheço o milagre de ter recebido no quinto dia útil do mês!"

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Versão 2.8

Eu me lembro de quando era criança. Lembro-me que eu O-D-I-A-V-A quando as tias gordas apertavam minha bochechas, babavam seus beijos nojentos em cima de mim e acrescentavam a fatídica frase: "Nossa! Como você cresceu!".

Tenho um grupo de amigos de infância. Nos reunimos com certa freqüência e, a cada ano, menos pessoas comparecem. Há duas ou três semanas uma das sumidas apareceu. E eu não me peguei QUASE apertando as bochechas da filhinha dela (que já está com 7 anos)!? Eu consegui me conter no último minuto. A frase, no entanto, escapuliu, contra todos os meus princípios: "Você não se lembra da tia, né? A última vez que eu te vi, você era bebê! Como você cresceu!". Como se crescer fosse a coisa mais anti-natural do mundo!

Agora eu não cresço mais, caros amigos. Dizem que depois dos 25 é só ladeira abaixo. Mas, sabe que, pensando bem, subir cansa pra caralho (ainda mais sendo fumante). Pelo menos, agora está mais fácil! Eu não achava legal ficar naquela expectativa de crescer, de ir para a escola, de usar batom, de aprender a dirigir. Na verdade, aquilo era um saco. Eu tinha pressa. Agora, a pressa acabou. Não preciso mais esperar por nada para ir buscar o meu futuro, pois ele está aqui.

Mas ainda não me curei de pequenos impulsos de homicídio doloso por conta da aproximação da casa dos trinta. Outro dia eu estava dirigindo em uma rua bem estreita e havia um grupo de adolescentes no meio da rua. Reduzi. Eu não queria buzinar. Estava à pampa. Os adolescentes foram saindo da rua, um a um. E sobrou um panaca bem no meio da rua. Eu pus o pé no freio e esperei o infeliz se retirar. As meninas começaram a gritar: "Olha o carro, idiota! Sai da rua!". Foi então que fui surpreendida com a frase oriunda do dito cujo: "Ahhhhh. A tiazinha espera......." O sangue ferveu. Soltei a marcha e pisei o acelerador até o final. Enquanto o Andrecito (meu poderoso Ka) rugia, eu vi o adolescente pular para a calçada, com os olhos arregalados, um volume malcheiroso na bunda e cinco anos de vida a menos. Engatei a primeira marcha, abri os vidros e ri uma risada de bruxa de desenho animado enquanto passava pelo moleque que, ainda assustado, não conseguiu reagir.

Mas um dia vou superar o trauma e deixarei que me chamem de tiazinha. Até lá, adolescentes, a assassina do Ka está à solta e agora em versão 2.8...

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Morwen Presa ou Morwempresa?

Estou começando a me animar, galera. A partir desta semana já posso emitir nota fiscal! Apesar do M-E-D-O de abrir o próprio negócio, estou muito feliz assim, obrigada. Trabalha-se muito mais para ganhar muito menos, mas dinheiro nenhum no mundo compra o meu direito de acordar tarde e simplesmente, do nada, decidir... lavar o carro. Ou ir ao cabeleireiro. Ou ir ao banco resolver aquela pendência de oito meses atrás. Tudo bem que isso significa ou ficar sem dinheiro ou trabalhar de madrugada para compensar. Mas não se pode ter tudo na vida...

Já até fiz o desenho do meu cartão de visitas. Chique, não? Eu nunca achei que ia ter cartão de visitas NA VIDA. Olha como o mundo dá voltas... Eu e minha velha questão de lidar com a autoridade dos outros... Mas cansei de lutar contra isso. Eu não aceito a tirania dos outros mesmo. E pronto. Agora sou a tirana de mim mesma, mas isso eu sempre fui e sou uma chefe de mim mesma dura e exigente. De repente até dá certo. Mas certamente vou voltar a dar aula no ano que vem, porque estou muito longe de viver da empresa...

No mais, tudo indo. O apartamento agora tem cozinha e dormitório planejado, os móveis são lindos, as paredes perfeitas e os cheques mais gordos já caíram. Estou sem um centavo no banco, mas o apartamento está LINDO!

A coisa mais gostosa é ver aquele monte de parede se delineando para virar a sua casa... Os móveis que você escolheu, nas cores que você quis, a parede do jeito que você queria... (com o método aprendido no People+Arts no meu último desemprego). Já estou até chamando a casa onde eu moro - e vou continuar morando até o casamento - de "casa dos meus pais".

Já escolhi o vestido de noiva! Foi uma experiência, no mínimo, engraçada. Sabe aquelas tábuas de madeira com um surfista sarado desenhado, que você põe o rosto no buraco para tirar foto? Eu, que sempre fui moleca, me senti naquilo. A cada vestido novo, uma nova gargalhada. Mas aí, minha mãe, que é mais inteligente do que eu, sacou o porquê e me levou para uma loja de vestidos menos convencionais, mais de gente louca. Aí deu certo. No final, minha mãe e eu acertamos um meio-termo de vestido assimétrico com decote meigo e comportado, mas com as costas abertas mostrando a tatuagem. E todos felizes.

domingo, 3 de setembro de 2006

Mudanças

Devagar, as coisas vão mudando...

- Depois de muitos anos trabalhando no informal, cansei de esperar ser registrada e cansei de perder tempo de serviço. Abri minha empresa. Pago meus tributos, pago minhas contribuições, mas não tenho que ficar no pé dos picaretas. Proporcionalmente vou ganhar menos, mas não vou ficar tendo dor de cabeça todo ano quando for declarar o IR. Hora de virar gente grande.

- O apartamento está de cara nova! Paredes pintadas (graças à preciosa ajuda do amigo Lud) e furadas, com box de vidro e divisória entre a cozinha e a área de serviço. Os móveis estão chegando e os cheques estão caindo (ui!).

- "Lesão cística, revestida por epitélio epidermóide e repleta de queratina": foi o que tiraram da minha virilha essa semana. Nunca imaginei que a região inguinal fosse tão aflitiva. Só vou tirar os malditos pontos no dia 11/09. Nota mental: nunca mais ir ao dermatologista.

- Vacinas: alguém pode me dizer onde encontro Meruvax e Engerix?

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Preparativos...

No geral, encaro uma fase de preparativos.

Daqui a pouco, tudo vai mudar.

Mas já dizia o velho ditado: "Quem planta, colhe". O que ninguém disse no ditado é que entre a plantação e a colheita existe uma espera.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Se não tem nada de bom a dizer...

Às vezes eu me esqueço de um ditado que eu mesma defendo: "se não tem nada de bom a dizer, então não diga nada". Aí me dei conta que este blogue acabou virando um cantinho de lamentações pessoais e há muito deixou de ser um espaço de discussão saudável. Pois é... Com alguns anos de estrada blogueira (antes no ig, depois no weblogger e agora aqui), acabei perdendo a noção.

Vivemos em um mundo tão egoísta que muitas vezes não nos damos conta de que nos tornamos nós mesmos vítimas da ideologia. Ainda mais, no meu caso, fora da universidade - que, por pior que seja, é sempre um espaço de questionamentos - e engolida pelo mercado de trabalho em tempo integral.

Eu sempre achei péssimo quando alguém precisa rebaixar os outros para poder ser alguém (ou achar que é). E o fato de algumas pessoas com quem convivo agirem assim me fez ver que devo estar fazendo o mesmo aqui. Minhas reclamações não deixam de ser, de certa forma, uma crítica social, mas de qualquer forma, eu cansei do meu próprio negativismo.

Muita coisa boa tem acontecido na minha vida, mas às vezes sinto que apenas o absurdo e a indignação acabam me levando a postar. Vou falar de uma coisa boa que aconteceu e que, ao mesmo tempo, é um absurdo: meu noivo e eu nos endividamos até os ossos, mas compramos nosso imóvel.

O que é absurdo nisso? O absurdo é que as pessoas se espantam com isso e acham que estamos cagando dinheiro.

Direito de resposta: Não. Nem eu e nem o Daniel viemos de berço de ouro. Só que, ao invés de comprar celular em 10 parcelas com câmera que tira foto, filma, canta e dança a Macarena, nós guardamos o dinheiro. Mesmo ganhando pouco, tanto ele como eu conseguíamos guardar nem que fossem 10 reais no mês. Ao longo dos ANOS (e bota ano nisso...) e juntando os dois, isso dá uma quantia considerável de dinheiro para dar de entrada num imóvel.

A maior parte das pessoas fica esperando "conhecer a pessoa ideal" antes de pensar em juntar dinheiro para o imóvel. Pensando assim, deve parecer mesmo que estamos cagando dinheiro. Mas, sabe aquela poupança "imexível"? A minha estava "imexida" havia 22 anos. Mesmo quando eu não conseguia colocar dinheiro lá, eu também nunca tirei. Mesmo nos apertos mais apertados, eu fingi que ela não existia. Graças a Deus ninguém ficou doente na minha família e nenhum outro imprevisto surgiu no meio do caminho.

Sei lá. Eu acho que a gente tem sempre que se planejar para o futuro. Eu podia ter comprado uma Caloi Cross e não comprei. Podia ter tido um rádio bem legal e não tive. Podia ter ido mochilar pela Europa (bem apertado, digamos) e não fui. Podia ter feito um monte de coisa que não fiz com o dinheiro que esqueci naquela poupança. Mas hoje, depois de tantos anos de ressentimento pelas coisas que não fiz e que não comprei com aquela poupança, me sinto uma pessoa muito realizada, que vai pagar prestação do imóvel, e não aluguel. E, para mim, nenhum walkman ou Nike Air Max Blaster Plus vale isso.

Farei um acordo não firmado em contrato comigo mesma. Quando eu não tiver nada de bom para postar, ficarei em silêncio virtual, aguardando a chance de poder contribuir um pouco com a alegria cotidiana de uma cidadã comum de uma metrópole como tantas outras no mundo.

PS. Mas, só porque eu não resisto: alguém mais está vendo a Terceira Guerra Mundial começando ou é paranóia minha?

quarta-feira, 12 de julho de 2006

A glimpse of my life

Orçamento contas a pagar condomínio quando vestido de noiva orçamento cartório reconhecer firma fechar contrato Japão editora publicar livro e-mail iluminação DJ cópia autenticada do RG e CPF transferência bancária CPMF planilha de custos data Australia orçamento buffet apartamento IPTU degustação cartório de notas doces lembrancinhas bouquet de rosas ou de flores do campo mais orçamento contrato de imóvel psicopatia sociopatia aluguel de vestido dia da noiva mapa do local acertar a data transferência eletrônica ou cheque administrativo atualizar o site telefonema do banco chegou talão de cheque box de vidro ou de blindex contrato internacional tradutor horas extras muitas cortininha no box mas cama tipo box é mais barato jurídico provedor cozinha planejada fotógrafo para quê tudo bem vestido branco mas de tênis contrato da Coréia lançamento do livro vai ter ou não ligar para o chefe do chefe do chefe e perguntar da situação que situação não faço a menor idéia revisar o release corretor de imóveis documentação ok conta corrente mesa de frios juros parcelamento aprovar o layout ligar para o banco decoração calígrafo orçamento forma de pagamento em dez vezes sem juros conta outra que eu sei que os juros estão embutidos no preço.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Símbolos malignos da contemporaneidade

1) Atualizar amizades por scrapbook do Orkut;

2) Perder 1/4 do seu tempo de vigília parado no trânsito;

3) Virar radical de extrema-direita do dia para a noite;

4) Aparelho ortodôntico;

5) Saber que seus genes de dentes tortos deveriam SUMIR da face da Terra e ainda assim insistir em passá-los adiante;

6) Não saber mais onde fica a fila do caixa convencional do seu banco;

7) Descobrir que almoçar inflacionou cerca de 500% nos últimos cinco anos, sendo que o Ceagesp indicou deflação no preço da matéria-prima;

8) Desaprendizado do traquejo social;

9) Substituição do livro pelo DVD;

10) Achar que o cara da medicina que metralhou um monte de gente no Shopping Morumbi estava certo.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Não é nada pessoal...

Não estou de mal de ninguém, nem dos supostos vírus do Orkut, nem da internet e nem da Copa (um pouco da Copa sim). É falta de tempo mesmo. Mesmo com o meu próprio método super-revolucionário de otimização de tempo, continuo sem tempo. De onde concluo que tempo é feito da mesma matéria que dinheiro: algo extremamente volátil. Tão volátil que só de pensar nele, já acabou.

Falando em tempo, enquanto eu lavava a cabeça, estava botando a cachola para funcionar, no único momento do dia que não estou sendo bombardeada por futebol. (Porque, honestamente, botar o rádio no volume máximo para conseguir ouvir debaixo do chuveiro é coisa de drogado. Nada contra as drogas. Cada um se mata como quiser. Câncer, drogas, cigarro, cirrose, batata frita... Tudo chega no mesmo lugar, mas drogas combinadas a italianos surdos pode gerar ódio na vizinhança). E tive uma idéia para escrever um conto. Faz muito tempo que não escrevo nada para mim. Esse negócio de trabalhar muitas horas por dia, usando a cabeça, é meio nocivo. O tempo e a disposição que temos vai integralmente para os outros. É só acompanhar o abandono do presente blogue para ver que faz sentido. Até tentei desenvolver um cérebro anexo, para trabalhar quando o cérebro principal esgota. Mas acho que este poder de multiplicação celular só se aplica ao estômago.

Mas voltando à Copa, o que tem a ver fazer barulho com essas malditas buzinas de plástico e ser patriota?

Hoje um vendedor ambulante me acusou de anti-patriotismo porque eu era a única no semáforo sem a bendita bandeirinha pendurada (e escangalhada, diga-se de passagem) do lado de fora da janela do carro. he he he. Desculpe-me, senhor moço, mas ser patriota é bem diferente de ser torcedor. Eu até gosto de assistir aos jogos. Mas recuso-me a associar a idéia de patriotismo a uma buzina verde ou a uma bandeira de plástico que vai ficar arrebentada do lado de fora do meu carro, enquanto o Orestes Quércia e o Paulo Maluf fazem campanha eleitoral na televisão e ninguém acha nada.

Pão e circo. Bolsa-família e futebol.

Aliás, a melhor hora para pegar a estrada no domingo foi às 13h. Cheguei a tempo de ver o segundo gol do nosso time capenga e presenciar o patriotismo das crianças da rua com suas buzinas verdes e amarelas.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Curso expresso de otimização de tempo

Objetivos: aumentar significativamente suas horas de sono.
Princípio básico: aumentar seu tempo livre pela sobreposição de necessidades que não compreendem acúmulo de renda.

***

Primeiro Passo: É muito simples. Enumere todas as tarefas inescapáveis da sua vida, exceto aquelas em que "ganhar dinheiro" seja a finalidade. Exemplo:

1) Tomar banho;
2) Cortar unhas;
3) Fazer cocô;
4) Escovar os dentes;
5) Ler o jornal;
6) Dirigir;
7) Ir ao cabeleireiro/barbeiro;
8) Exclusivo para mulheres: pintar as unhas, depilação, lavar os cabelos, etc.

Segundo Passo: Sobreponha as atividades. Exemplo:

1) Corte as unhas enquanto faz cocô (ao invés de ler. Guarde a atividade "ler" para outra ocasião);
2) Escove os dentes no banho, antes de tirar o xampu;
3) Empurre as cutículas também no banho, antes de tirar o condicionador;
4) Tire as cutículas e pinte as unhas enquanto cozinha;
5) Leve aquele freelance que você descolou para fazer no cabeleireiro;
6) Aproveite para dormir as horas que faltaram à noite enquanto a depiladora arranca o seu couro (acredite, é possível);
7) *Enquanto se está dirigindo, existem milhões de coisas que você pode fazer: ler, fazer maquiagem, lixar as unhas, depilar as sobrancelhas. (Aliás, não tem luz MELHOR para depilar sobrancelhas do que a do retrovisor). E fazer maquiagem no carro me poupa 10 minutos na frente do espelho. Some isso aos dias da semana e você já ganhou quase uma hora de sono!! Homens podem ler o jornal enquanto dirigem ao invés de ler enquanto cagam.
* OBS: Sugestão somente aplicável a pessoas que pegam congestionamentos brutais. Não passe rímel com o carro em movimento!

Agora, fala sério... Eu bem que podia cobrar 10 mil a palestra se eu tivesse feito MBA! Aí eu aprenderia que, ao invés de falar "cagar", os vocábulos mais adequados para o conteúdo da palestra seriam "defecar" ou "evacuar". Até me causa riso saber que as pessoas DE FATO cobram para dar palestras deste teor...

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Novidades no front

Amanhã é o meu último dia do aviso prévio. A partir de sexta-feira passo a ser uma pessoa normal que sai do trabalho em horário de gente, chega em casa, toma banho, assiste aos seriados fúteis na TV a cabo, vai à academia, tem tempo de tirar uma cópia de documento, de ir ao banco de vez em quando (caixa eletrônico, lógico), de fazer as unhas e de depilar as axilas. (Segredo: profissionais que trabalham das 7h às 22h ou têm pêlos no sovaco ou não comem ou não dormem).

De resto, a guerra continua.

Com o agravante de uma fonte de renda a menos.

Mas sem pêlos no sovaco.

***AGUARDEM***
Curso expresso Morwen de otimização de tempo. Grátis. Inscreva-se gratuitamente no "comments".

domingo, 9 de abril de 2006

Da não-lírica das desilusões do cotidiano

Às vezes eu acho que deveria haver um modo de seleção natural inteligente que só permitisse que pessoas decentes caminhassem sobre a Terra. Mas o mundo está todo invertido.

O que é público virou privado (veja as pessoas depredando os ônibus e escolas como se fossem algo de propriedade delas) e o privado vira público (nem é preciso comentar, dada a enorme fascinação que lixo cultural como Big Brother exerce sobre as pessoas).

O que um dia foi considerado "feio" (roubar, matar, enganar, extorquir, mentir...) é hoje alardeado como "sucesso". Se você se importa com os outros, ajuda sem esperar nada em troca, se recusa a puxar tapete dos outros para se dar bem, você é o panaca, o idiota, o bundão.

O que é supérfluo virou essencial (mais de 60% dos nomes sujos na praça estão lá por causa de roupas de grife, tênis e eletrônicos) e o essencial virou supérfluo (nego não tem casa para morar, não dá educação para os filhos, não tem nem o que comer direito. Mas tem televisão de 29 polegadas, parcelada em 85 vezes COM juros nos Bancos Bahia).

Hoje eu assisti "V de Vingança" no cinema. Eu já tinha lido o HQ do A. Moore e me lembro que, na época, eu achava aquilo o máximo. O próprio Moore meteu o pau no filme. Não sei se os argumentos dele são válidos, pois a adaptação foi feita para outro tipo de mídia, outro tipo de audiência. Não dá para colocar o policial viajando de LSD, por exemplo. O filme é bem mais politicamente correto que o HQ. Do ponto de vista dramático é um filme muito legal, MAS eu acho que não cabe nesse mundo virado de ponta cabeça. Ficou uma coisa esquisita de pretensa hollywood dentro de uma temática que não cabe em Hollywood. Acho interessante que se queira levar a revolução cultural para a massa, mas não deixa também de ser um ato quixotesco. É jogar pérola aos porcos. Ao sair da sala de cinema ouvi o seguinte comentário: "Que lixo. A gente nem sabe a cara do personagem principal, a história dele!"

Não. Não dá. Nem com as frases óbvias como "Idéias são à prova de balas", as pessoas não entenderam o filme. Se eu fosse o diretor, eu faria um final mais catastrófico.

Se houvesse um um modo de seleção natural inteligente que só permitisse que pessoas decentes caminhassem sobre a Terra, a estatística já nos mostrou que era mais fácil destruir todo mundo.

Pobre do Moore que achou que matando o governo e as formas de repressão as ovelhas se levantariam e virariam gente. Não. Tudo isso foi mal entendido. O governo não é o legislativo, o executivo ou o judiciário. O "governo" está infiltrado em cada um de nós. Em cada esfera social, por menor que seja, estão reproduzidos esses valores podres de corrupção, de mentira, de trapaças. Se fosse fácil assim, já tínhamos dado uma meia dúzia de tiros para consertar o Brasil e mais meia dúzia para consertar o mundo.

Morwen andava pelo deserto quando encontrou uma lâmpada mágica. Ela esfregou a lâmpada e um gênio apareceu. Ele lhe concedeu um desejo. Seu desejo foi: "Quero que o mundo seja um lugar melhor". E o gênio fez sumir todas as pessoas.

***

PS. Sim, estou puta da vida. Daqui a um mês melhora. Certeza.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Sobre a não-lírica das coincidências

Qualquer semelhança é mera coincidência. Compare:

* Aos 5 anos de idade:
- Sorvete?
- Eu! Eu! Eu! Primeiro eu! Tudo eu!
- Tem dinheiro ainda da semanada?
- Aaaaaaaaahhh MANHEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE (esperneia, se joga no chão e finge choro)
- Ô, meu filhinho... Mamãe compra pra você...

* Alguns anos mais tarde:
- Salário alto?
- Eu! Eu! Eu! Primeiro eu! Tudo eu!
- Vai ter que trabalhar.
- Ah... Mas... você fica tão sexy nessa camisa! Ah! Você é gay? Desculpe, eu não estava passando cantada... mas... você gosta da Madonna? e do Brad Pitt? Jura?? Nossa! Você é meu melhooooor amigo! Tão sexy... ai, desculpe... é o hábito, sabe?

* Aos 5 anos de idade:
- Vamos no escorregador?
- Eu! Eu! Eu! Primeiro eu! Tudo eu!
- Sem empurrar seu primo!
- Ahhhh MANHEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE (esperneia, se joga no chão e finge choro)
- Ô, meu filhinho... Vai primeiro... Primo mau...

* Alguns anos mais tarde:
- Preciso mudar de faixa para pegar a saída lá na frente.
- NÃO!!!! Eu! Eu! Eu! Primeiro eu! Tudo eu! (bi bi biiiiiiiii de moto)
- Dá tempo. O motoqueiro espera.
- BI BI BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII BIIIIIIIIIIIIIIII BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII BIIIII! (chuta seu retrovisor)



E depois falam que umas belas chineladas vai "contra os direitos humanos".

E o MEU direito? Por que sou obrigada a conviver com esses trastes?! "Homo sapiens sapiens" é o termo mais hipócrita e burro que já vi na vida.

Um apelo, do fundo do coração: se você acha que consumir é tudo, seu único valor é o dinheiro e a aparência, que puxar o tapete dos outros é melhor do que crescer (porque isso dá trabalho), que o legal é ser malandro, se dar bem, nem que isso implique dar a bunda para o diretor e fazer chantagem depois, e acha o má-xi-mo as intriguinhas e jogos de trapaças do Big Brother, por favor, pelo futuro geral do universo, CASTREM-SE. Metam à vontade, mas CASTREM-SE.

E depois falo que os outros são quixotescos. Eu e a minha merda de mania de achar que o mundo tem esperança...

Morwen [em modo MOTOSSERRA]

domingo, 19 de março de 2006

Agora sim

Já faz um tempo que estou para prosseguir com a brincadeira, mas eu estava com preguiça. Agora, como o dilema é trabalhar ou fazer isso, faço isso:

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

1) Mania de gastar grana em comida de conforto mesmo quando estou sem fome (Toblerone, quindim, coxinha, açaí...) e outros supérfluos ainda menos nobres (roupas e sapatos que não uso) quando estou de mau humor.

2) Mania de entrar no carro e acender um Marlboro. Silver, porque estou tentando parar de fumar (há 9 anos) e achar ruim que o carro está sempre cheio de cinza.

3) Mania de chamar meu (recém) noivo de apelidos carinhosos bizarros. Nada de "bebezinho" ou "fofinho". Apelidos bizarros MESMO. Não vou exemplificar.

4) Mania de acreditar no que me convém só para eu continuar fazendo as coisas que gosto. Por exemplo, continuar fumando porque "dizem que até os 30 tudo bem".

5) Mania de começar a puxar música da internet e não conseguir parar. Ex. Oingo Boingo dá origem a A-ha, que dá origem a New Kids on the Block, que leva a Vanilla Ice, que leva a Sepultura (porque, quando eu fiz 12 ou 13 anos, gravei Sepultura em cima de uma fita dos New Kids on the Block), que leva a Rage Against the Machine que não sei por que me lembra Billie Holiday e assim por diante.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Morwen para Imperadora Suprema do Brasil

Antes que venham as críticas: Imperadora mesmo, porque imperatriz é nome de escola de samba e no meu governo não há Carnaval.

Tipo de governo: Tirania Democrática

Meu plano de governo:
1) Para acabar com a criminalidade:

- Artigo I: todo estuprador, seqüestrador, assassino e/ou pedófilo será empalado em praça pública onde deverá agonizar por três dias antes de morrer.

- Artigo II: todo condenado por crime não-hediondo será mantido preso, devendo trabalhar para pagar por sua alimentação e hospedagem, após receber chibatadas em praça pública, sendo que o número das chibatadas dependerá da gravidade do delito.

- Artigo III: todo ato de corrupção será castigado com tortura medieval e morte por decapitação em praça pública.

- Artigo IV: para todo playboy que achar que está acima da lei, pau no cu. Literalmente. Empalamento sem óleo.

2) Para uma vida mais digna:

- Artigo I: todo empregador deverá respeitar e cumprir o piso salarial da categoria (que será reavaliado pela Imperadora com base no salário mínimo de dois mil reais), contratar seus funcionários em regime CLT com todos os seus direitos, sob pena de execução em praça pública.

- Artigo II: todo empregado está proibido de trabalhar mais do que quatro horas por dia e igualmente proibido de acumular dois ou mais empregos, sob pena de chibatadas em praça pública (determinadas em relação ao tamanho da ambição do sujeito) seguida de morte por fuzilamento (balas pagas pela família).

3) Para uma melhor educação dos futuros brasileiros:

- Artigo I: só poderão ter filhos aqueles que passarem no exame "EIPR" (Exame Imperial para Pais Responsáveis), com curso preparatório inteiramente gratuito fornecido pelo Império. Aqueles que tiverem filhos sem ter passado no exame serão obrigados a cometer canibalismo, comendo o próprio filho no ato do nascimento do mesmo.

- Artigo II: pagodeiros, funkeiros e outros fazedores de lixo musical estão proibidos de emitir sons, sob pena de amputação de língua, braços, pernas e nádegas.

- Artigo III: todo brasileiro terá direito à conspiração e à revolução armada. QUEM SABE ASSIM O BRASIL NÃO TOMA JEITO E LUTA DE VEZ? Nem que seja pelo direito de sermos complacentes, cegos e alheios ao samba, à pizza e à impunidade.

Mas que ia ser uma puta controle populacional, isso ia.

terça-feira, 7 de março de 2006

Das pequenas grandes tragédias do cotidiano

1) Sobre ter dois empregos:

* Nada contra. É até saudável porque a gente não enjoa nem de um nem de outro. A tragédia é quando você tem dois empregos e mesmo assim continua pobre.

* Outra tragédia é quando um dos seus patrões só te paga à menção da palavra "trabalhista". (E ainda assim deve as horas extras do ano passado e o décimo terceiro.

* Quando termina o seu expediente num lugar, você sabe que todas as pessoas normais estão indo para casa jogar os pés no sofá e ver televisão, enquanto você encara uma hora e meia de trânsito para começar mais um turno.

2) Sobre a criminalidade:

* Roubaram meu estepe. Sim. ROUBARAM MEU ESTEPE. Proprietários de carros que tenham pneu sobressalente para fora do carro: enfiem o pneu no porta-malas. Foi engraçado só até eu ver o prejuízo. Aro + pneu + montagem + balanceamento = trezentos e poucos reais (o que quase equivale à parcela do décimo terceiro que estão me devendo). Cara. Roubaram meu estepe.

* Já ouvi piores: uma colega de trabalho teve o vidro de seu Citroën estourado por causa de um pacote de balas Vita-C (de laranja) pela metade que estava no painel. Uma semana depois de ter o mesmíssimo vidro estourado por causa do som que já não estava lá. Só os fiozinhos.

A que ponto chegamos...

terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Eu acredito em duende

Semana passada eu levava de 1h a 1h40 para chegar no trabalho. Esta semana, com a volta do rodízio, levo APENAS 45 minutos! (Considerando que percorro 20km entre casa e trabalho, no meio de São Paulo, é um tempo ótimo). Agora sim eu acredito em rodízio municipal, Papai Noel, duende e coelho da Páscoa.

Pois é! O dilúvio chegou! Levantemos as mãos aos céus porque eu já não aguentava mais os trinta e quatro graus diários.

Hoje mandei o manuscrito para a editora. Se tudo correr conforme o previsto, sai nas livrarias no meio do ano. Amanhã já começo outro. Não gostei que ele mexeu no MEU final, mas tudo bem. É para isso que ele me paga, porque, de resto, o meu trampo é lazer - com direito a chocolate Kopenhagen e café expresso à vontade.

Ainda não passei a nanquim os malditos desenhos. Fazer duzentos é moleza, mas os últimos cinco não saem de jeito nenhum.

Além de professora, virei conselheira sentimental lá na escola. Cobro a metade da hora/aula porque conselho meu não vale nada, mas eu tenho que pensar para que eu possa dá-los.

Boteco, please.

Lavar o cabelo à noite é uma bosta, mas acordar uma hora mais cedo para fazer isso é pior ainda.

Desculpem a falta de nexo nas postagens dos últimos três meses. Minha vida se fragmentou e não tem como isso não se refletir aqui. Virei várias e uma ao mesmo tempo e tenho que lidar com isso da forma que me é possível. Sinto uma ponta de inveja (inveja saudável) dos que conseguem se manter coesos nesse mundo caótico.

Deve ser bom ter um emprego só e não ter que atravessar a cidade para trabalhar outro turno.

Sabiam que o caixa eletrônico do Banco Real da Av. Aclimação fecha às 18h? Nunca mais vou poder precisar de dinheiro quando estiver na Aclimação.

Acho que desaprendi a escrever.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Quem foi o p*to que suspendeu o rodízio municipal?

Parece que esta semana promete. O céu está cinza-chumbo e continuo torcendo para que o apocalipse chegue logo, travestido num novo dilúvio. Antes morrer afogada do que de fome ou sede ou câncer. Mortes lentas e dolorosas deveriam ser requinte exclusivo de políticos, estupradores e colegas de trabalho que puxam o seu tapete por falta de mérito próprio.

Parece também que vou terminar as benditas ilustrações do dicionário e finalmente receber o meu gordíssimo cheque da Capes de setenta reais. Só faltam verbetes básicos como "deficiência múltipla" e "Síndrome de Down". Coisa fácil de desenhar. Mas paga o cigarro do mês. Acho.


Se os musos da inspiração divina permitirem, existe esperança de que eu termine de escrever a primeira graphic novel da série ainda esta semana. Viva o melodrama, o sangue e o mercado editorial.

Que le ciel nous tombe sur la tête.

Quem falou que brasileiro só começa depois do Carnaval?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Lavar cueca é opcional

As feministas roxas que me perdoem, mas de vez em quando o machismo tem uma razão de ser!

100 homens trabalham bem na mesma empresa por 50 anos. 99 homens e uma mulher trabalham bem na mesma empresa por 50 anos. Por que caralho 98 homens e DUAS mulheres conseguem tornar o ambiente absolutamente insuportável?

Mulheres feministas, aceitem a verdade: mulheres não sabem trabalhar em equipe.

Não vou me excluir do time porque AINDA não deixei de ser mulher, mas ô criatura nojenta que é uma mulher dentro de uma empresa! Na sua cara é sempre "bom dia, minha linda, fofa do meu coração! Como passou de fim de semana, você que é minha melhor amiga?" e nas costas é aquilo que todo mundo que já trabalhou conhece... E vai na maior cara de inocente, fazendo voz fininha e chorosa pra cima do chefe (especialmente se ele for homem) para ver se ganha aquela promoção e queima todas as outras que lhe representam ameaça (que são mais competentes). Quanta mediocridade.

Mais uma vez: por que aquelas idiotas inventaram de sair de casa e meter a mão na graxa se continuam se fazendo de dondocas e achando que vão ganhar tudo na base do teatro?

Quer sair de casa, sai. Quer meter as caras no mundo, mete. Quer botar a mão na sujeira, bota. Mas, porra! Seja MACHO!