terça-feira, 24 de outubro de 2006

Versão 2.8

Eu me lembro de quando era criança. Lembro-me que eu O-D-I-A-V-A quando as tias gordas apertavam minha bochechas, babavam seus beijos nojentos em cima de mim e acrescentavam a fatídica frase: "Nossa! Como você cresceu!".

Tenho um grupo de amigos de infância. Nos reunimos com certa freqüência e, a cada ano, menos pessoas comparecem. Há duas ou três semanas uma das sumidas apareceu. E eu não me peguei QUASE apertando as bochechas da filhinha dela (que já está com 7 anos)!? Eu consegui me conter no último minuto. A frase, no entanto, escapuliu, contra todos os meus princípios: "Você não se lembra da tia, né? A última vez que eu te vi, você era bebê! Como você cresceu!". Como se crescer fosse a coisa mais anti-natural do mundo!

Agora eu não cresço mais, caros amigos. Dizem que depois dos 25 é só ladeira abaixo. Mas, sabe que, pensando bem, subir cansa pra caralho (ainda mais sendo fumante). Pelo menos, agora está mais fácil! Eu não achava legal ficar naquela expectativa de crescer, de ir para a escola, de usar batom, de aprender a dirigir. Na verdade, aquilo era um saco. Eu tinha pressa. Agora, a pressa acabou. Não preciso mais esperar por nada para ir buscar o meu futuro, pois ele está aqui.

Mas ainda não me curei de pequenos impulsos de homicídio doloso por conta da aproximação da casa dos trinta. Outro dia eu estava dirigindo em uma rua bem estreita e havia um grupo de adolescentes no meio da rua. Reduzi. Eu não queria buzinar. Estava à pampa. Os adolescentes foram saindo da rua, um a um. E sobrou um panaca bem no meio da rua. Eu pus o pé no freio e esperei o infeliz se retirar. As meninas começaram a gritar: "Olha o carro, idiota! Sai da rua!". Foi então que fui surpreendida com a frase oriunda do dito cujo: "Ahhhhh. A tiazinha espera......." O sangue ferveu. Soltei a marcha e pisei o acelerador até o final. Enquanto o Andrecito (meu poderoso Ka) rugia, eu vi o adolescente pular para a calçada, com os olhos arregalados, um volume malcheiroso na bunda e cinco anos de vida a menos. Engatei a primeira marcha, abri os vidros e ri uma risada de bruxa de desenho animado enquanto passava pelo moleque que, ainda assustado, não conseguiu reagir.

Mas um dia vou superar o trauma e deixarei que me chamem de tiazinha. Até lá, adolescentes, a assassina do Ka está à solta e agora em versão 2.8...