quinta-feira, 31 de março de 2005

Alternativas invisíveis

Tirando a morte, eu acho não existe nada que não possa ser consertado nesta vida.

Não sei por que cargas d'água enfiamos a estaticidade das coisas na cabeça. As coisas não são absolutas. Sempre existem alternativas. O que acaba tornando as coisas absolutas é o medo.

O medo congela.

O medo paralisa.

E o medo não deixa o homem-escritório saber que ele está morrendo de medo.

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Edit: Blog agora com Sux-O-Meter (medidor de SUX), patrocinado por Dani.

segunda-feira, 28 de março de 2005

Cadê minha identidade?

Acho que cada vez mais estamos perdendo a identidade no mundo contemporâneo. Ninguém sabe muito bem a que viemos e para onde vamos. Mas isso ninguém nunca soube mesmo. O problema é que hoje não nos importamos mais.

Quando eu era adolescente, as minhas questões iam desde "o que vou ser quando crescer?" até "o sistema capitalista vale a pena?". Hoje as pessoas são criadas e educadas para se perguntarem, no máximo, "com que roupa eu vou?".
Mesmo não tendo chegado a conclusão nenhuma sobre nada, o questionamento em si já é alguma coisa.

É verdade que em nosso país ser uma pessoa questionadora não traz muitas vantagens... Enquanto as pessoas questionadoras estão se matando na USP para conseguir uma bolsa de mestrado de 800 reais para pagar o busão e o cigarro, as pessoas do mundo de fora estão ganhando salários de 4 dígitos pra cima e comprando seus apartamentos.

Por um lapso mental, eu decidi ser uma pessoa do mundo de fora. Estou no meu segundo mês.

Já descobri os prazeres do consumo sem necessidade. O Playstation 2 pode deixar de ser sonho. O carro do ano tornou-se possível e o ar condicionado um item obrigatório.
E daí? E daí que o preço a pagar é muito alto. Não só em termos de dinheiro. Isso também. Mas o emburrecimento necessário para tanto é tão grande e exige tanto de nós mesmos que eu me questiono se vale a pena. E não é para menos que ninguém questiona se vale a pena pois isso também tem um preço.

De que adianta ganhar bem se todo o seu salário vai para pagar os luxos (que viram necessidades)? Faz-se necessário um carro decente para o homem-escritório. Cabeleireiro, manicure, roupas novas, sapatos novos, gel no cabelo e maquiagem. Tevê a cabo, tela plana, wide screen para relaxar. Massagem express para tirar a pedra dos ombros. Natação e ioga para consertar a coluna torta do homem-escritório. Sem falar no MasterCard para fazer aquela preza no restaurante chique já que boteco é coisa de pobre.

No final das contas, acho que é por isso que as pessoas não questionam mais. A gente acredita que manicure é bom (mesmo que a mulher arranque seus dedos inteiros e você ainda corra o risco de contrair micose ou hepatite...), que ar condicionado é necessidade e que fazer compras é lazer. Quando as pessoas questionam, vêm as crises.

Uma vez um professor na USP disse "De que vale trabalhar o máximo se nunca teremos o máximo? É melhor trabalhar o mínimo para termos o mínimo".

O homem-escritório, após ler o post, volta à sua cadeira torta e à sua rotina torta. O homem-escritório não percebe o paradoxo. O homem-escritório não questiona, nem tem crises além de "qual terno combina com esta gravata?". Mas o homem-escritório é feliz.

terça-feira, 22 de março de 2005

Ladeira abaixo (?)

Ontem, em plena segunda-feira, tive o privilégio de ser convidada a passar a hora feliz a comemorar o aniversário do grande aminco Lud. Conforme nos aproximamos da casa dos trinta, começam as brincadeiras com a idade... Vêm as rugas, os remédios obrigatórios, as alergias estranhas e os desandares do intestino em resposta aos alimentos ricos em colesterol ruim. Vem a barriga de cerveja. Vem a lei de Newton. E vem o sono.

Retomando um pouco das aulas de Estudos Clássicos, do primeiro ano de faculdade, o mito da juventude remonta aos gregos antigos lá em não sei quantos antes de Cristo. Morrer em glória era morrer guerreando, jovem e belo. Muitos consideram a Grécia Antiga o berço da nossa civilização (estou me referindo apenas ao mundo Ocidental, logicamente) e, por alguma razão bizarra, esta noção de que o belo e o bom estão na juventude se perpetuou ao longo dos anos e chegou até os dias de hoje.

Ainda que eu me renda aos cremes anti-idade (um dos meus vícios assumidos) e seja levada, por toda uma conspiração ideológica, a crer que atingimos o auge da beleza aos vinte, quero discordar dos gregos.

Alguns de meus amigos reclamam que eu não tenho mais pique para baladas de virar a noite, para shows lotados de pessoas grudentas e fedidas ou para estar na rua quando todos estão vomitando pelas sarjetas. É verdade. Eu não sei nem se é uma questão de pique ou de paciência. Eu perdi a paciência com lugares lotados. Passa longe da minha concepção de prazer ficar uma hora e meia em uma fila para que eu tenha o direito de pagar uma entrada exorbitante para entrar em um lugar abarrotado de gente suada, com banheiro nojento, bar lotado, comida ruim, barulhento e com gente bêbada me agarrando. Já se foram os tempos áureos em que eu era uma das pessoas fedidas e achava tudo isso o máximo.

Hoje sou muito mais adepta de um jantar a dois ou com amigos em um restaurante com comida gostosa, bom atendimento, estacionamento no local, sem filas, sem gente fedida. Sou capaz de virar a noite acordada sim, mas batendo papo com os amigos, jogada no sofá, tomando coca-cola gelada e com gás.

E tenho sono.

De vez em quando, como ontem, é legal fazer uma hora feliz com os amigos, num barzinho sossegado. Mas virar a noite de segunda para terça, não.

E estou tão feliz assim! Eu estou gostando muito de envelhecer, de ter mais sono mais cedo, de ter preguiça, de ter que malhar o dobro para ter metade do efeito, de ter que ser gente grande. É claro que o legal não é isso. Mas não há nada como ter a sensação de independência, de ser dono do próprio nariz, sem precisar provar isso para os outros. Pode até ser que tudo isso não passe de ilusão. Mas prefiro acreditar que, com o passar dos dias, não ficamos mais velhos, mas sim MELHORES.

Acumular experiência não pode ser menos glorioso do que morrer com chá de fita na adolescência.

quinta-feira, 17 de março de 2005

O Sux e o Rox

Hoje eu vou buscar o meu canudo vazio!
Nem acredito que eu vou buscar meu canudo, ainda que vazio!
Mas tenho que aprender a entender os sinais divinos. Meu carro está no funileiro. O carro da minha mãe parou de funcionar. Ou eu alugo um carro com um cheque borracha (porque meu dinheiro ainda está preso no Bradesco), ou vou de busão pra minha colação.
Interpretação possível: meu destino é ser pobre, parar de tentar ganhar dinheiro e ser estudante para sempre na USP. Outra interpretação possível: eu tenho que me acostumar com o SUX porque ele vai ser parte eterna da minha vida. Ainda outra interpretação: estou passando por um teste divino, devo superá-lo e ir contra todos os sinais divinos que estão me impedindo de ir buscar um canudo vazio.
Quando o SUX é muito grande, a gente entra em Modo Serra Elétrica e tudo fica ROX.
Para os leigos: o SUX e o ROX são forças divinas opostas. Enquanto o SUX trabalha para te deixar se sentindo um loser, aborrecido, irado ou deprimido, o ROX, em contrapartida, trabalha para te deixar feliz. Por exemplo, Toblerone nada mais é que uma manifestação material do ROX.
E quando tudo SUX, nada como entrar em berserk. ROX.
No sábado vai ter festa de St. Patrick nos pubs importados de São Paulo. Vou lá no O'Malley's (vulgo O'Mullets) gritar "Fuck the Irish!!!!" no meio da galera paga pau de gringo. Só tem pessoas para uma serra elétrica. Eu já vou estar lá. Procurem outro lugar para mutilarem pessoas.
(Aliás, MOTOSSERRA. Porque serra elétrica precisa de tomada...)
ROX.

terça-feira, 15 de março de 2005

A Conveniente Perda dos Sentidos

Não é interessante como podemos convenientemente perder os sentidos?
Para não ouvirmos encheção de saco, ficamos surdos.
Para não vermos as tragédias sociais, ficamos cegos.
Para não sentirmos o gosto amargo da derrota, perdemos o paladar.
Para não gritarmos nossa raiva, ficamos mudos.
E para não nos afogarmos em nós mesmos de tanta encheção de saco, de tanta injustiça social, de tantas derrotas e de tanta raiva, decidimos de vez perder o tato para que, inertes, possamos suportar mais um dia.

quinta-feira, 10 de março de 2005

Morwen e as Baratas

Este bicho nojento anda sobre a Terra por centenas de milhões de anos. Além de seu aspecto asqueroso e da meleca branca e nojenta que sai dela quando a gente esmaga com chinelo, ela ainda por cima transmite doenças, tais como infecção urinária, diarréia, gastroenterite, febre tifóide, tuberculose, conjuntivite, intoxicação alimentar, pneumonia e lepra.

Tendo isto em mente, é normal crermos (no mundo ocidental, onde não se comem baratas) que os chiliques eventuais por causa deste inseto sejam justificáveis. Não dá para explicar. Quem tem fobia ou asco, tem e pronto.

E pensar ainda que a raça humana vai se extinguir e essas coisas nojentas ainda vão continuar por aqui...

Mas fico pensando se os chiliques com as baratas não deveriam ter menores proporções que os chiliques que engolimos e aos quais nos acostumamos em nosso caríssimo sistema capitalista-selvagem de todo dia.

Vamos à minha analogia barata: (Ops! Fiz um trocadilho infeliz!)

Os grupos dominantes inescrupulosos controladores do sistema são tão nojentos quanto as baratas, pois fazem de tudo (até mesmo vender a mãe, se precisar) para terem 20 centavos de lucro. E nem é preciso provar que eles soltam meleca branca e fedida quando mortos, pois, pela lógica, se não precisassem, eles não ficariam tão preocupados em erguer torres de marfim para alojarem seus cadáveres e sim apodreceriam em qualquer lugar.

Ainda, esses caras são responsáveis por 100% dos casos de hipertensão, gastrite nervosa, cirrose (ninguém beberia se não tivesse nada para esquecer), tabagismo, depressão e psicose. Ou vocês acham que massacres aleatórios acontecem por acaso?

Assim sendo, só posso concluir que, quando a raça humana estiver prestes a se extinguir, nós pobrezinhos vamos morrer antes (porque não vendemos nossas mães e não soltamos meleca branca). Pela ordem lógica, morreriam depois os grupos dominantes inescrupulosos controladores do sistema. E, por último, as baratas.
Isso me traz um certo conforto pois vou morrer sabendo que os grupos dominantes inescrupulosos controladores do sistema vão sobrar aqui, num mundo de concreto, esgoto e comida instantânea, fodendo uns aos outros, sem a nossa gloriosa companhia e, o melhor de tudo, rodeados de baratas!

Peões do mundo, tranquilizai-vos! Seremos vingados um dia!!

terça-feira, 8 de março de 2005

Nem com toda a paciência do mundo!

@#$@*$%#&@*@&$!!!!!!

Estou para conhecer banco mais INCOMPETENTE que o Bradesco! Puta que la merda! Você tenta resolver tudo por telefone e os idiotas não sabem responder porra nenhuma! Você vai até uma agência (perde sua hora de almoço e morre de fome o dia inteiro) para os cornos não informarem nada que presta. Cada um tem uma informação diferente e todas elas são erradas! Você liga de novo para o banco e nem para serem xingados direito eles servem!!!

QUE ÓDIO!!!!!!!!

E eu sou obrigada a receber por esse banco de chifrudo! Eu não quero mais saber dessa bosta de banco! Cancelem a porcaria da senha e me dêem um cheque ao portador! Chega! Caralho! Pinto! Pau! Cacete! Rola! Pica! PIPI! BERIMBELO!!!!

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Depois do desabafo fálico talvez meu humor melhore.

Que dia da mulher o caralho! Tiene día que es FUEDA!!!

Reformando a casa...

Com a valiosa ajuda de la hermana Lilicita, agora tenho o link de vocês na coluna da esquerda. Porém, não estou conseguindo ver o blog das pessoas que têm blogger.com.br no endereço e quero saber por quê. Será que é esse micro fresco?

Para quem teve o link removido, desculpe, mas não vou manter gente aqui que não atualiza desde 2003! Speak serious! :)

Bueno, aproveito para deixar alguns links para pessoas que estão com ódio do trampo:

Joguinho legal para descontar ódio

Español es mui facil

segunda-feira, 7 de março de 2005

O índice Morwen de Ruindade de Filme

Acreditem se puderem, mas eu assisti "O Massacre da Serra Elétrica".

É impressionante o que fazemos sob circunstâncias bizarras. No caso, estava eu, feliz da vida com meu namorado e seus amigos quando eles se depararam com o filme no cinema e - por um lapso mental - eu acabei concordando em assistir o dito cujo. Para quem me conhece, sabe que eu sou facilmente impressionável por filmes. Inclusive os ruins.

No índice Morwen de Ruindade de Filme, eu me abstenho de indicar o quão ruim esse filme é do ponto de vista da inteligência. Mas, no nível susto, o meu índice não funciona porque eu me assusto até com "História Sem Fim" (aliás, um filme aterrorizante).

Como nos sujeitamos a situações previamente impensáveis... Acho que é tudo uma questão de mudar prioridades. De repente, virar adulto é isso: você pára de fazer as coisas só porque gosta e começa a fazer coisas que detesta não necessariamente porque precisa, mas porque - de alguma forma bizarra - aquilo vai ser bom para você no futuro. (É lógico que "O Massacre da Serra Elétrica" não se aplica ao caso. Estou pensando grande...)

Às vezes, conversando com a sobrinha do meu namorado, eu tenho saudade de quando eu me empolgava com a volta às aulas e tudo o mais. Mas agora eu estou sentindo uma vontade verdadeira de voltar às aulas. Pasmem. Depois de uma alucinada correria para sair da USP, eu quero voltar. Não suportei o mundo emburrecedor nem por alguns meses. Agora estou convencida de que posso mandar imprimir camisetas com a estampa "Nerd Pride"...

No final, ser mulher é uma desgraça. Se você é inteligente, você é temida e logo puxada para os ninhos de cobra do mundo. Se você é bonita, idem. Se você é legal, pior ainda. Mas se você é feia, pobre e burra, são noutros ninhos de cobra que você acaba caindo. É uma beleza! E depois os homens reclamam que a gente se mata de gastar no shopping. Pô, fazer compra sempre foi ilusão de felicidade. Mas enquanto acreditarmos na ilusão, a coisa funciona. Ainda que de um modo fugaz...


Ai meu cartão de crédito...

sexta-feira, 4 de março de 2005

A calça 38, o anti-tabagismo e a raiva

O sonho de toda mulher é uma calça 38. Ou porque somos grandes ou pequenas demais para estarmos dentro do padrão... Os criadores dos concursos de “miss” e os caçadores de “talento” devem ser donos de clínicas de estética, pois não vejo outra utilidade para que se criem padrões tão ridículos como a calça 38. No final, não dá para sermos totalmente contra um sistema estético pois estamos nele inseridos e nele fomos criados. Eu ficaria feliz em ter uma calça 38 e não ter que garimpar o país em busca de uma 34... Em compensação, seria muito frustrante acreditar que estou feliz em uma sociedade pasteurizada.

É impressionante como as coisas se pasteurizam. Tudo bem. Proibir a galera de fumar em elevador, em ônibus ou em prédios fechados está mais do que justo. Mas, com toda essa onda anti-tabagista, os fumantes - cada vez mais apartados da sociedade - não aguentam mais a encheção de saco dos não-fumantes. Não porque são não-fumantes. Queria eu ser nunca-fumante. Mas porque a grande maioria só sabe mesmo reproduzir um discurso pasteurizado, midiatizado e extremamente repetitivo. Eu estou querendo parar de fumar, mas a cada vez que me vem um CHATO com seu discursinho reproduzido, eu tenho mais vontade de não parar de fumar e continuar sendo a escória.

Caralho. Me deixem morrer em paz. Quem quer morrer velho e esclerosado anyway?

Acho que defender um ponto de vista é importante, mas eu odeio discursinhos repetitivos e forjados. Seja pelo Greenpeace, seja pelo socialismo, seja pelo anti-tabagismo.

É isso. Tou puta. Eu não uso calça 38, eu fumo mesmo, E ME DEIXEM MORRER EM PAZ.

Ah, não resisti e me matriculei na pós. A idéia de emburrar, ainda que por tempo limitado, não me agradou e resolvi cursar uma matéria de literatura. Ainda não sei o que vou fazer com ela, mas vou manter os neurônios ativos...

Novo endereço

Depois de algum tempo de weblogger podre, resolvi me render ao concorrente. Atualizem seus links! A partir de agora, o "Odds and Ends" tem este endereço! Ainda vou mexer no template, nos links, etc...

É... quando o seu blog fica velho, mate-o! É mais fácil começar tudo de novo :P