Algumas pessoas têm medo da dor. Sei lá. Eu acho que ela nos faz ver que estamos vivos também. Não sou masoquista nem nada do tipo, mas prefiro a dor ao nada.
Para quem não está acompanhando a novela, acho que fica mais fácil dizer que terminei meu namoro. Nem sei se eu deveria estar escrevendo ou expondo a dor. Mas se o papa pode, por que eu não? E o blog é meu. Lê quem quer.
Não ouvi críticas. Não ouvi merda de ninguém. Acho que é porque tomei a decisão certa. Mesmo no amor temos que ser razoáveis. Não digo que devemos agir racionalmente. Mas sermos razoáveis. Mesmo gostando muito da outra pessoa. Quando começamos a nos destruir, estamos destruindo a outra pessoa também. Eu já vi esse filme e já sei o final. Toda concessão grande demais (as pequenas, que não mudam nossa essência, a gente faz com prazer), pelo menos no meu caso, vira ressentimento. Eu me conheço o suficiente para saber que não consigo arcar com uma concessão que tire a minha individualidade.
Quem esteve próximo a mim nos últimos 10 anos, viu o quanto eu batalhei para chegar onde estou. Viu o quanto de dificuldade que eu tive que enfrentar (interna e externa). Viu meus não-sei-quantos anos de terapia. Viu quando eu saí de casa. Viu quando eu voltei. Viu quando eu desisti da USP. Viu minha depressão. Viu quando eu voltei. Viu o quanto foi difícil (um pouco mais no meu caso) acertar meus objetivos de vida, saber para onde vou e o que quero para o meu futuro. Meu futuro não é absoluto, nem inflexível. Mas, de modo algum, ele será moldado por outra pessoa que vai me deixar sozinha quando eu mais precisar dela.
Eu não abro mão de quem eu sou. E ponto final.
Sei que fiz tudo o que eu podia. Fiz além do que eu podia. Não sinto um pingo de culpa. Não sinto que o abandonei. Ele me abandonou antes. Eu só parei de correr atrás. Talvez a minha culpa seja não ter avisado que minhas concessões eram concessões. Eu odeio jogar na cara coisas do tipo "fiz isso por você", mas acho que devia ter jogado. A pessoa se acomoda e começa a achar que suas concessões são "naturais".
"Natural" é quando eu falo palavrão. É quando o escorpião sai da toca e mostra o ferrão. "Natural" é quando eu devolvo o tapa que eu recebo ao invés de sorrir para agradar sabe se lá quem. "Natural" é fumar dois maços de cigarro por dia e mandar tomar no cu quem vier encher o saco. "Natural" também é ficar dormindo se estou com sono.
NÃO ME É "NATURAL" ABRIR MÃO DISSO. Mas eu abro. Eu também tenho um lado muito romântico, meigo e doce. Mas não é meu único lado, caralho. Uma vez eu vi um adesivo de pára-choque que era a minha cara:
"51% sweetheart
49% bitch
Don't push"
Eu não sou uma pessoa egoísta. Mas seja egoísta comigo e vai ter uma pessoa extremamente egoísta ao seu lado. Ainda que por pouco tempo, porque uma hora eu me toco e vou embora.
Eu me envolvo. Eu me jogo de cabeça. Eu não sei karatê. Eu não sei deixar o pé atrás. Mas não me deixe do lado de fora do seu castelinho de pedra porque eu não sei esperar (ainda mais pelo incerto). Uma hora eu me convenço de que não sou bem-vinda. E nessa hora, adeus. Independente de sentimentos, adeus.
Sei lá. Já estou craque em abrir meu peito para o nada. Não é a primeira vez e não sei se será a última.
Mas eu não desisto não. Sabe por quê? Porque eu não tenho medo de dor.
Viver implica correr riscos. Quanto maior o risco, maior a recompensa. Quem fica enclausurado com medo da dor também tem medo de ser feliz.
hehehe isso está parecendo o programa de auto-ajuda que eu ouço de vez em quando na rádio quando estou indo para o trabalho... Viva não ter ido trabalhar hoje para chorar a noite e o dia inteiro. Amanhã eu vou. Fone de ouvido e telefone fora do gancho. Talvez MSN desligado. Mas a vida continua e amanhã eu vou trabalhar. Hoje bati nos 36,5kg. Amanhã eu volto a comer também. Acabou a dieta da dor. Embora ela fique ali... persistente... aguda... uma hora vai cicatrizar... deixar uma marca... e passar.
Acho que vou ao cabeleireiro também. E fazer compras.