quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pensamentos jogados de uma mente com fome

E no final das contas fez sol todos os dias. Só choveu no sábado. Mas, tudo bem, porque tinha tirado esse dia para visitar um amigo em Registro. Sabe o que acontece quando a gente só passa filtro solar no braço e se esquece do antebraço? Sim, uma marca horrorosa. Nos dois braços.

Acho muito engraçado que a mesma pessoa que fala de mim pelas costas tenha vindo me alertar de que há gente falando de mim pelas costas. Devo agradecer pelo conselho?

Vou para a Chapada Diamantina passar o Ano Novo. De carro. Por enquanto, sem planejamento nenhum. Mandei vários emails para pousadas para saber se havia vagas para o período e nenhuma me respondeu. Das duas uma: ou está tudo lotado ou a pessoa que checa email uma vez por mês ainda não checou. Pelo jeito as coisas ainda são feitas por telefone lá na Bahia. De qualquer maneira, minha barraquinha, o fogareiro e a mochila cargueira estão meio mofados, mas ainda funcionando (espero).

Sabe que meu último mochilão foi em 2003? Estou com (alguma) saudade do perrengue. Ainda não sei se aceitei completamente essa vida de velho que viaja de carro e fica em pousada. Mas aí penso que carregar 15kg nas costas, com chuva na cabeça, por 15 dias, com os pés encharcados no meio do mato poderia ser facilmente trocado por uma cama e banho quente com passeinhos menores de mochilinha com lanchinho e agüinha de garrafinha (não sei se com trema ou sem. Não conta para ninguém, mas nem olhei a nova norma).

Mas não achem que é férias não. Não sei o que são férias remuneradas há pelo menos 9 anos.

[EDIT] É claro que não estudei espanhol coisa nenhuma. Ainda não sei usar os malditos objetos direto e indireto e nem conjugar o verbo "decir".

[EDIT 2] Agora com Twitter no blog.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Insanidade

Nada como sete meses sem feriados para nos transformarmos em bestas humanas e achar racional enfrentar oito horas de trânsito para chegar a uma praia lotada e com chuva...

Na volta conversamos.

Estou levando meu material de espanhol, pois a prova está chegando e, como todo bom aluno, vou fingir que estudei na praia (com chuva). Previsão de sol e calor para a segunda-feira.

sábado, 15 de novembro de 2008

Tragédia e Comédia

De todos os mililitros do meu "eu", a parte de que menos gosto é aquela que é obrigada a usar a máscara do sorriso amarelo. Aquela que impede que eu vá de encontro ao pré-adolescente com o celular pendurado no pescoço impondo seu lixo auditivo sobre os outros - o que me parece ser o gesto do egoísmo por excelência nos lamentáveis dias de hoje - e lhe enfie fones de ouvido na porrada.

[Motosserra MODE starting in 05 seconds. Please wait.]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Só porque...

Hoje fiz uma das coisas mais engraçadas que já fiz na vida: um teste de gravidez.

Por que engraçado?

1) Na boa, a própria idéia de fazer xixi no potinho (sem contar a ginástica para não fazer na própria mão, é claro) já é engraçada, seja qual for a situação;

2) Não havia suspeita de gravidez. Eu só fiz o teste porque chegou na data de validade. (O teste havia sido comprado para outra ocasião, mas no mesmo dia, a suspeita se desfez, o teste não foi necessário e ficou lá na gaveta.)


Aí fiquei pensando no monte de coisas que a gente faz "só porque" [insira qualquer motivo aqui].

A gente come um monte de coisa que não está com vontade só porque vai estragar. A gente troca os pontos do bônus de cartão de crédito por um conjunto de colher, garfo e faca só porque os pontos vão vencer e não tem NADA útil por que você possa trocar (porque para isso você precisa gastar mais de mil reais por mês no cartão). A gente acumula um monte de brinquedo lixo jogado numa gaveta só porque vinha junto com o lanche ou com o Kinder Ovo. A gente abre a amostra grátis de Corega mesmo sem usar dentadura, só porque é grátis. A gente guarda aquele CD de MPB que a gente nunca vai ouvir, só porque veio "de graça" com a nova conta do banco / o perfume / o plano de saúde / o seguro do carro etc. A gente guarda um monte de roupa e sapato que nem usa mais só porque não tem conhecido para quem doar, acha que instituição só rouba e que mendigo não merece. A gente não cancela o cartão que não usa só porque paga anuidade zero (por um ano). A gente não põe empregador sacana no pau só porque (acha que) não vale a pena. A gente não separa o lixo para a coleta seletiva só porque as outras pessoas do prédio não vão separar. A gente não deixa de votar nos mesmo políticos só porque "os outros não têm chance" e depois reclama que nada muda. A gente faz teste de gravidez sem necessidade só porque vai vencer e o teste me custou dinheiro.

A coisa vai longe.

Ninguém quer ser passado para trás, é claro. Mas tem cada coisa que fazemos sem questionar! (Aliás, quem foi o idiota que colocou a amostra grátis de Corega na revista?!)

E quando eu me deparo com uma situação ridícula de fazer um teste de gravidez só porque vai vencer, só me resta dar risada e pensar na próxima situação ridícula em que vou me colocar "só porque"...

Paralisia

Contra o tempo, somos nada.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sobre a não-responsabilidade

Acho que a pior doença de que sofremos hoje é a da não-responsabilidade. Sobre nada, eu digo. É possível que a especialização de nossas carreiras tenha contribuído para isso, mas às vezes acho que não: a raça humana ficou tosca mesmo.

Quando íamos ao médico, íamos ao médico. Hoje, você vai ao clínico geral. Se você tiver ACNE, você sai do consultório (cuja consulta lhe custou algumas horas de seu trabalho + seu tempo) com um papelzinho de encaminhamento para o dermatologista.

No caso dos filhos é ainda pior. Por serem obrigadas a trabalhar (pois a economia doméstica não é compatível com só um contribuinte), as mulheres delegam a educação de seus filhos para quem quer que seja: a escola, o curso de inglês, o futebol, a empregada e - a salvação da humanidade - à tevê a cabo e à internet.

Um desses dias me deparei com a idéia genial de criar o Depósito de Crianças. Pela módica quantia de 100 reais por mês, você deposita seu filho em nossa instituição. Aqui, ele não aprende nada e nem finge que aprende (assim, nós também não temos que fingir que ensinamos), mas nós garantimos sua integridade física e garantimos que ele não gerará outros filhos, já que em nossa instituição você conta com jaulinhas individuais, devidamente higienizadas. Mais barato que qualquer curso e você se livra de seu filho por muito mais tempo! E não é só isso! Se ligar agora, você ainda ganha uma almofada, para seu filho ficar ainda mais confortável! E se for um dos primeiros 15 a ligar, você ganha uma outra almofada: esta, para você, que poderá aproveitar o dia todo sem seu filho te enchendo o saco!

Acho que ficaria rica com isso se a sociedade não fosse tão hipócrita.

No meu dia-a-dia, converso com ótimas candidatas e candidatos a cliente para o Depósito de Crianças. É fácil julgar quando não temos filhos. Mas a falta de responsabilidade, não só dos pais como dos filhos também, está gerando uma era de depressão - e não precisa ser gênio para ver. Nos pais porque se sentem impotentes perante seus filhos. Nos filhos porque quando não há responsabilidade, não há conquista. E se nada significa nada, para que fazer algo?

Todos os dias ouço coisas como:

"Se meu filho não faz as tarefas é VOCÊ quem tem que cobrar. Quem é que é da escola?"
"Meu filho não vai passar?! Quem você pensa que é para reprová-lo?!"
"Ah, ele é assim mesmo... Que se vai fazer?"
"Ah, você sabe que se vocês reprovarem meu filho, eu vou tirar daqui, né?"
"Minha filha tem problema de aprendizagem? Não tem não. Levei ela no gastro e ele não falou nada disso."

E me dá uma vontade de oferecer os serviços do Depósito...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sapatos apertados

Certas decisões são como tirar sapatos apertados. São como tirar o sutiã e o relógio no final do dia. Aquelas coisas tão cotidianas que estavam lá.... nos incomodando... Mas que nem percebíamos...