terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bom negócio

Quem troca trabalhar do lado de casa por redução salarial de 20%?

Olha que eu estou achando que fiz um ótimo negócio. Aquelas horas perdidas diariamente no trânsito horrível de São Paulo, os 70 reais de estacionamento, os 300 reais de gasolina, as refeições fora de casa e, principalmente, o meu saco já valem muito mais do que 20% do meu salário (que não é lá essas coisas). E ainda contribuo para desafogar um pouco o trânsito e a emissão de poluentes.

Demorou para o governo fazer um programa de incentivo para quem trabalha no bairro em que mora. Que mania de querer concentrar todo mundo na Berrini ou na Paulista!

Morram de inveja, mas eu moro em São Paulo e levo SEIS MINUTOS para chegar no meu trabalho. E pela bagatela de 20% do meu (risível) ex-salário.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Malditos burgueses

O prazo entre-trampos chega ao fim e estou sendo acometida por uma profunda vontade de ganhar na Mega Sena.

Ontem eu conversei com a minha mãe, que está entrando em seu quarto ou quinto mês de aposentadoria, e comentei sobre aquelas pessoas que passam mal quando se aposentam e não sabem o que fazer para se sentirem úteis. Ela também não entende essas pessoas.

Eu me aposentaria agora, sem um pingo de culpa. Não acho que o meu trabalho dignifica, nem constrói, nem salva o mundo. Já passei dessa fase idealista. E malditos burgueses que inventaram esse mito de que o trabalho enobrece. Que enobrece o quê! É só olhar as unhas da perua dos Jardins e comparar com as da costureira do Brás. Quem tá mais nobre na fita? (é brincadeira, mas tem um fundo de verdade).

Fui acertar minha carga horária no meu novo trabalho e a matéria de pós que vou fazer na USP atrapalhou o meu samba. Fiquei com a impressão de que vou ter que trabalhar muito a mais só para compensar este horário. Ai ai. Meu espírito baiano ainda não foi embora. Em relação ao emprego velho, vou trabalhar poucas horas a mais, mas com essa matéria no meio do caminho e porque a escola nova fecha mais cedo (e consequentemente eu entro mais cedo), estou com a impressão de que vou trabalhar muito mais. E tá me dando uma preguiça...

E é claro que não deixei de perguntar para minha nova chefe se eu posso trabalhar de tênis, camiseta, sem maquiagem e sem fazer as unhas. Deixei uma ótima primeira impressão!


Falando sério. Eu não sentiria nem um pingo de culpa em me aposentar agorinha.

E eu PRECISO providenciar minha rede na varanda. Urgente.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O périplo do entre-trampos

Estou de volta com 100% de espírito baiano incorporado e com a absoluta certeza de que preciso de uma rede na micro-varanda do meu apezinho.

Primeiramente, que mundo é esse que faz com que só consigamos folga no período entre-trampos? Fazia séééééculos desde a última vez que tive folga deste porte. Pensando bem, foi na última vez que mudei de emprego. Que mundo é esse que tem ORGULHO de trabalhar até morrer, sem dar atenção ao que verdadeiramente importa? Que mundo é esse que de fato acredita que o trabalho enobrece e que, pior ainda, acredita que SOMENTE o trabalho enobrece?

Enfim... Após 5000km rodados, aqui vão algumas impressões:

1) As estradas na Bahia estão melhores que as estradas no sudeste. Mas não dirigimos à noite nem a pau. De-ser-to.

2) Todo mundo fica louco após o Natal e todo o norte de Minas Gerais LOTA todos os hotéizinhos podres de beira de estrada desde Montes Claros até Vitória da Conquista para descansar antes de prosseguir para o sul da Bahia.

3) A Chapada Diamantina é linda. Apesar de já estar bem civilizada e estruturada para o turismo, existem opções para fugir da muvuca e as melhores cachoeiras e paisagens estão nas trilhas mais difíceis e pouco acessadas. Comer e se hospedar em Lençóis não é tão barato como era 5 anos atrás. Mas considerando que o turismo é a única coisa que movimenta a economia local e que aquele povo tem 3 meses para faturar o sustento do ano todo, não me senti extorquida. Amei amei amei e não queria sair de lá de jeito nenhum! Ponto negativo para o palanque que montaram para o Ano Novo. Jaques Wagner, meu caro, quem vai para Lençóis passar o Ano Novo quer sossego. Se a gente quisesse muvuca, barulho e calor, teríamos ido para Porto Seguro.

4) A vila de Itacaré cheira a mijo e a esgoto e a má vontade das pessoas é surpreendente. Saudade de Lençóis. Mas a região entre Itacaré e Ilhéus tem praias maravilhosas.

5) Porto Seguro é uma bosta. É extorsão depois de extorsão e o assédio para comprar/contratar/beber de tudo é insuportável. Mas dá para achar hospedagem e comida a preços razoáveis. Saudade extrema de Lençóis.

6) Trancoso foi privatizada. Tem que pagar (caro) para tudo. Comer por lá é caríssimo e privatizaram a praia. Cercaram tudo e só se tem acesso à praia por estacionamentos (pagos). Tirando o mega-quiosque que tapa toda a visão da praia e as mesas e cadeiras que vão até o mar, a praia é linda, o vento dá uma aplacada no sol e depois das 17h a praia fica bem habitável.

7) Vitória (ES) definitivamente não foi feita para receber viajantes.

8) Organizar 1350 fotos não é fácil.

Agora ficaram as roupas por lavar (algumas meias são forte candidatas ao sacrifício, no entanto), as contas por pagar, matrícula na USP por fazer e a vontade ZERO de voltar a trabalhar.

Ah. Todo o périplo saiu mais barato do que se eu tivesse ficado em São Paulo no período. Como sempre. Cada vez mais tenho certeza de que, para quem mora em São Paulo, ficar em casa para economizar é bobagem. Você estressa, gasta dinheiro, descansa pouco e fica se lamentando depois.