terça-feira, 20 de dezembro de 2011

De folga, finalmente.



Nem acredito que este semestre acabou.

Quando aceitei a proposta da segunda escola, já sabia que seria puxado. Mas fui em frente. Passei de agosto a dezembro trabalhando 14h por dia.

Sou a prova viva de que quando resolvemos algumas coisas, e resolvemos de coração, o mundo conspira para nos ajudar.

Muitos se perguntaram se eu estava tentando ficar rica. Rica? Desculpe, mas qual a parte do "sou professora" você não entendeu?

Não trabalhei 14h por dia para ficar rica. Até porque o trabalho toma muito do nosso tempo para podermos ficar ricos. (Mas isso é assunto para outra postagem).

Trabalhei 14h por dia porque isso fazia parte de uma meta maior, de médio prazo. E que finalmente está se concretizando. Não sei se minha satisfação maior vem do fato de que as coisas estão acontecendo como planejei ou se vem do fato de que eu consegui sobreviver cada um dos passos que estabeleci. É a primeira vez na vida que consigo atingir alguma coisa de médio prazo que fui eu mesma quem decidiu!

Este semestre que passou foi exaustivo, mas arrisco dizer que foi o mais fascinante em toda a minha vida profissional.

Lembro-me de quando entrei na faculdade de Letras. Meu objetivo, ao prestar vestibular, era bem idiota: conseguir um diploma e melhorar meu salário de professora. E só para eu quebrar a cara, me apaixonei pelo curso. E a cada dia meu objetivo de conseguir o diploma se tornava mais e mais insignificante perto de todas as outras coisas que o curso me proporcionava.

E esse semestre foi semelhante. Quando aceitei a proposta de ser professora de educação infantil (pasme!), meu objetivo era conseguir uma remuneração um pouco melhor do que em escolas de idiomas, ganhar experiência com crianças e mostrar no meu currículo que eu era mais versátil do que parecia. 


Grata surpresa.

A professora de adolescentes e Business English se jogou de cabeça. Tirei o esmalte roxo e as unhas compridas, tirei o rosa do cabelo, tirei os brincos grandes, o relógio, os colares, abandonei o salto alto, vesti moletom, avental e tênis. Quando olhei para a foto dos meus alunos de dois anos, quase tive um ataque. E quando eles foram entrando na sala de aula, o pânico tomou conta de mim. Eu? Que nunca tive contato com crianças? Nem sobrinhos, nem primos, nada. E foi a experiência mais transformadora da minha vida.


Sou muito grata a todas as pessoas que trabalharam comigo nesta empreitada, que suportaram minhas crises de cansaço e stress extremo e, principalmente, sou grata às crianças, que me deram diariamente aquela dose de energia positiva para continuar trabalhando as 14h por dia. Quem diz que criança suga energia é porque nunca trabalhou com elas. Aprendi com esta experiência muito mais do que ensinei.


No final consegui tudo o que tinha como objetivo inicial - assim como eu consegui o diploma da USP lá no passado. Mas não há palavras para descrever o que ganhei a mais.


2011 começou bem mal, mas deu tempo de virar o jogo. Ufa. Agora é descansar para ter uma boa colheita em 2012 do que comecei a plantar em 2011. =)


Agora vocês já sabem por que andei sumida do blog.

4 comentários:

  1. Amei tudo isso! Que ótima empreitada e satisfatória, hein?

    Estou orgulhosa de vc!

    Kisu!

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  2. Eu adoro criança! Deve ter sido uma experiência incrível!
    Mas agora é férias, pananã! o/

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  3. Oi Patrícia,
    nem sei como começar a escrever! rs. Já sou leitora do seu blog, há um tempinho, mas nunca comentei nada. Até ler esse post, puxa vida, chorei, porque tive experiência similar a sua. Apaixonada pelos mais ´baixinhos´. Gosto dos adolescentes, mas os pequenos me pegou de um jeito, que estou cursando pedagogia,rs...Conta mais, agora que está com mais tempo.
    um abração
    madoka

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  4. Um dos melhores posts do ano, entra como uma luz em seu blog; saudade de alguns posts seus que você fala da experiencia grata de ser professora apesar das dificuldades, e do quanto as suas experiencias lhe proporcionaram como pessoa.

    Vejo hoje um pouco mais claramente o que é riqueza de verdade, sem hipocrisias e frases feitas feitas só para consolar, mas no reconhecimento que o único cofre que necessitamos realmente preencher é aquele que só se abre por dentro.

    Sou aquele anonimo apaixonado por metáforas, e meio avesso a obscuridade morbida de alguns posts =)

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