sábado, 7 de novembro de 2009

Memórias de uma vida pregressa

Muitas pessoas usaram ferramentas como o Orkut para encontrar velhos amigos. Eu até fui encontrada, mas não procurei ninguém. Aliás, não me importo muito com o que as pessoas que estudaram comigo na quinta série estão fazendo. Daquela época fiquei com uma ou duas amizades. Nem sei quem é a maioria das pessoas que me adicionam no Orkut e nem imagino como elas se lembram do meu nome para colocar nas fotos antigas. Ah, é. Lembrei. Fui eleita a menina mais feia e sem graça do colégio na oitava série.

Ontem, no entanto, eu estava pensando em uma fase interessante da minha vida. A fase de ir para a balada de ônibus, de tocar em três bandas (e carregar amplificador e guitarra no ônibus), a fase da Galeria do Rock, de muito álcool e muita farra... Aí pensei: "Putz, como será que está a galera? Será que se regeneraram e foram estudar? Será que morreram? Vou procurar no Orkut!". Só que me dei conta de que não sei o nome completo de ninguém. Era o Marco, o Thiago, o Rodrigo, a Laura, a Taís, a Tata... Ninguém tem sobrenome.

É por isso que o Orkut só serve para encontrar pessoas da escola. A gente se lembra do sobrenome porque os professores faziam chamada todos os dias, 6 vezes ao dia. Muitas vezes as pessoas que mais marcaram nossa vida não têm nem nome e nem sobrenome. Às vezes é só um apelido. Fui a um casamento recentemente e um dos meus amigos recebeu um convite caligrafado com letras prateadas "Ao querido amigo Sapo". Eu só aprendi o nome do Sapo muito recentemente, pois ele se tornou um advogado distinto e criou um e-mail com login de gente grande.

E minha busca no Orkut ficou por isso mesmo. Afinal, é mera curiosidade saber o que se passou com a vida das pessoas. Depois do breve diálogo (por scrap) de "quanto tempo! o que está fazendo da vida? casou? teve filhos?" e suas respectivas respostas, aquele contato normalmente morre de novo. Acho que eles só existem para compararmos nossa trajetória com a da pessoa, para estabelecermos se somos mais bem-sucedidos ou não. No fundo, continuamos adolescentes e continuamos medindo quem tem o maior. Com isso em mente, desisti de procurar meus ex-amigos sem sobrenome e fui dormir em paz com minha gripe. Afinal, a gostosa da oitava série está gorda e caindo aos pedaços e eu não.

[EDIT] A foto está podre de propósito.

Um comentário:

  1. Ah esse lance de comparação é bem típico mesmo de Orkut. Não procurei nenhuma pessoa, sempre fui procurada, outras fiz questão de nem aceitar, não é pq eu cresci e que minha vida mudou é que hoje tem motivo para sermos amigas de novo rs... Eu tô pensando seriamente em deletar minha conta do Orkut e ficar só no Facebook rs..

    Kisu!

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