quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Antigamente


Viajávamos nós cinco para a praia. Levávamos pão, salsicha, miojo e cerveja. Levávamos também aquele violão podre, com as cordas enferrujadas, e a seleção mais bizarra de CDs já vistos juntos: Janis Joplin, Legião Urbana, Metallica, Chico Buarque e Björk.

Levávamos aquela amizade pura de quem se juntou para tentar, juntos, entender e aceitar a complicada passagem da adolescência para a vida adulta.

Levávamos um monte de questões, medos, frustrações, esperanças, vontades e sonhos... sempre os sonhos.

As viagens se tornaram mais esparsas. Namorados começaram a acompanhar. O violão, apesar de podre, ganhou cordas novas. Os CDs eram diferentes. Havia costela ao invés de miojo. E pegávamos trânsito, porque não dava mais para ir no meio da semana e enforcar as aulas na USP.

Depois vieram os casamentos. E acabaram-se as viagens.

Meu amigo me disse hoje: "Fiquei frustrado. Eu estava na expectativa de fazermos outra viagem para a praia. Como antigamente."

"Antigamente" ficou no passado, A.. "Antigamente" não volta. Mas sempre podemos fazer uma nova viagem.

5 comentários:

  1. Patricia...

    O texto..Ah o texto... Passamos por isso, todos. Consigo vestir o primeiro parágrafo inteiro. Nao em uma praia, mas num morro chamado Azul. Nossos acampamentos se tornaram raros e no fim... Sempre ficam aqueles que querem reviver aquilo que nao se pode...
    P E R F E I T O ! Obrigado e abracos

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  2. Às vezes a gente fica naquela de querer reviver o que foi bom e esquece que o futuro pode ser tão bom quanto ou ainda melhor.
    ;*

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  3. Olha, emocionante o apelo de "Mas sempre podemos fazer uma nova viagem.".
    Sim! Podemos! E por favor A. e os outros três, agregando seus amores (namoradas, vidas, filhos etc), façam!
    Pois há sempre uma nova viagem a ser feita!
    Ah! não esqueçam o CD da Janis! rs

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  4. Aquela fase bem pós-adolescente, é sem dúvida a que dá mais saudade, não ter tantas responsabilidades e não se preocupar muito com o amanhã, acho que é o que sinto mais falta... Mas mesmo estando perto dos 30, continuo escutando as mesmas coisas estranhas da "aborrecência"...

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  5. Sinceramente hoje em dia não tenho saudades daquela época de antigamente rs... raras são as vezes que gostaria de voltar para viver as situações... mas no meu atual momento, anseio mais pelo próprio presente...

    Acho que é fase rs..

    Kisu!

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