domingo, 26 de setembro de 2010

"Mr. Gorbachev, tear down this wall!"


Em meio à multidão, um par de olhos se destaca. Escuros, como seus pensamentos. Ela joga os cabelos no rosto e se esconde atrás de uma postura indiferente. Ouve seu nome. Ele a conhece. Há quanto tempo não ouvia seu nome. Construira uma fortaleza tão bem arquitetada que nenhuma partícula não autorizada lhe invadia o espaço. E sufocava. Diariamente, cotidianamente, imperceptivelmente sufocava. Os olhos se aproximam. Perigo. Chame a guarda nacional. Ela apressa o passo, em busca de abrigo, mas não sabe para onde ir. Olha de lado e o sorriso familiar lhe recebe, como quem oferece uma flor em uma ocasião ordinária. Sua respiração acelera e ela procura o oxigênio dentro de sua câmara hermética. É tarde demais. Concorda em deixar o muro cair. Um ato pela paz, e de extrema coragem.

3 comentários:

  1. Escancara o peito num sorriso, e receba essa flor!

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  2. Muros caem!!! Sao a representacao máxima do nosso individualismo!!! Um microconto com macrosignificado. Obrigado!!!

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  3. Eu li MURO já achei que fosse algo com Pink Floyd ahahaahah...

    Kisu!

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