segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Transformação, ciclos e revoluções

Já devo ter falado sobre isso muitas vezes aqui, mas é tema recorrente. E falando em tema recorrente, vou dividir com vocês algo que elaborei em minha adolescência. =) 

Quando eu tinha uns quinze ou dezesseis anos, elaborei a Teoria da Espirologia. Exceto pelo nome ridículo, ainda hoje acredito que ela faz muito sentido. =) Como não é algo de profundidade relevante, acredito ser possível ser breve e concisa:

Introdução à Espirologia


Pensemos a linha do tempo como sendo de fato uma linha. Os eventos se sucedem, um após o outro, enquanto caminhamos (ou corremos, ou tropeçamos) por esta linha. Isso, a meu ver, é senso comum, na pior de suas conotações.

Como filósofa brilhante que eu era aos quinze anos, observei que na natureza os eventos não ocorrem em linhas em sua maioria, mas em ciclos. O dia e a noite são reflexos de um movimento de rotação de nosso planeta. Os anos são a formalização de uma revolução da Terra girando ao redor do Sol. Ainda que se pense a vida como uma linha, em nossa morte voltaremos ao solo como substâncias necessárias para a geração de novas vidas.

Comecei a observar o desenrolar de minha própria vida. Os acontecimentos iam e vinham em ciclos. Alguns mais curtos, outros mais longos. No entanto, quando o evento voltava, eu já não era a mesma pessoa. =) Assim, o círculo nunca se fecha. A vida caminha em espiral. Não em círculos e não em linhas. 

Às vezes pensamos que as oportunidades vão embora e não voltam nunca mais. Algumas são assim. O ciclo é maior do que a sua vida, só isso. Mas, em geral, elas voltam. E, se tudo der certo, elas vão te encontrar em um ponto diferente da espiral, porque você mudou, você evoluiu, você continuou andando para frente e não em círculos. E talvez você perceba que aquilo não era tão importante assim... Ou era, e vai ter outra oportunidade de agarrar aquilo.


Bom, toda essa divagação foi para falar de evolução.

Porque a vida caminha em espiral, evolução pessoal é uma grande questão para mim. E, vira e mexe, ela volta.

Como todo mundo, a gente sempre acha que as nossas questões são as questões humanas e universais. Mas não. A cada dia descubro que esta é uma questão minha e que muita gente não está nem aí. Fica patinando no lugar, andando em círculos. E é por isso que elas não tiveram o insight da espirologia na adolescência. Eu ficava pensando que as pessoas não tinham o insight porque não pensavam sobre isso, mas hoje vejo que podia ser por andar em círculos mesmo.

Para mim, é importante ter autoconhecimento. É importante ser uma pessoa melhor, mais equilibrada, mais evoluída, mais capaz de se adaptar às situações. Luto por isso todos os dias da minha vida e só dá para fazer isso de um jeito, a meu ver: sendo conservadora e aberta ao novo. Ao mesmo tempo.

Você elabora as suas experiências, pega o que ficou de bom, joga fora o que não lhe serve. Ao longo do tempo, suas convicções do que pode ser bom se consolidam e elas se tornam os seus valores. Mas isso não pode nos impedir de olhar o novo, de ouvir uma nova perspectiva, de ampliar horizontes, de considerar mudar o nosso conjunto de valores uma vez que tudo é dinâmico e qualquer radicalismo é burro.

Difícil?

É. Dá trabalho. E dói. Mas o caminho é interessante. E qual a graça de fazer trilhas e caminhos diferentes se só prestamos atenção no chão? Tem tanta coisa ao nosso redor, sabe?

7 comentários:

  1. Muito bom texto, Patrícia! Já sou adepta da Espirologia. =D Saudade docê, filósofa. Grande beijo, Reginete.

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    1. Saudade também, Reginete! Ainda por terras estrangeiras? =)

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  2. Oi Patrícia, acho que milianos atrás vc comentou algo parecido ou estou confundindo com alguma outra teoria que você posta de vez em quando por aqui. Mas isso me lembrou sobre algo que estudamos em teoria da história, que é a noção de tempo das pessoas e acho que de alguma forma isso tem a ver com o que escreveu aqui.
    Para os antigos, a história era circular. Por isso, conhecer os grandes fatos e feitos da humanidade era importante para o futuro. É o que chamamos de "Historia magistra vitae". história mestra da vida. O passado ensinava as pessoas do presente como construir o futuro. Depois de algum tempo, passou-se ao entendimento que o tempo era linear e por isso os fatos não se repetiam. Atualmente, a idéia de tempo é espiral, assim como você descreveu. E passou-se a valorizar as experiencias pessoais, trajetórias individuais, dos pequenos grupos e minorias. Acho que isso trás uma nova forma de reflexão sobre a vida. E é muito interessante!
    beijos

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  3. A minha espiral continua a mesma auhauahua...

    Há, mentira vai... eu subi uns bons degraus auhauaau

    Kisu!

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  4. e os que andam prá trás? vc demora para reencontrar e qdo vai ver... PIOROU!!!!
    Pelamor, né?

    Inaie

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    1. Pois é. Mas uma hora ou outra eles se ligam que daqui não levamos nada. São essas pessoas que temem a morte.

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