sábado, 20 de fevereiro de 2010

Da ascensão social

Quando eu prestei vestibular para a minha segunda faculdade, após ter desistido do curso de Psicologia na USP, uma tia me perguntou: "Você quer ser rica ou ser feliz?". Pensei que queria ser feliz. E fiz Letras. Não nego que sempre fui muito feliz na carreira, seja dando aulas, seja trabalhando com textos publicitários ou literários, seja com tradução. Mas, desde o início desse ano, estou inquieta. Saí de um emprego de que eu gostava muito, onde me sentia valorizada, apesar das imperfeições que toda empresa tem. Mas é que cansei de ganhar miséria mesmo. E, diante de mudanças drásticas que se operaram na minha vida - por escolha própria, mind you - me vi dotada de uma coragem e vontade de vencer socialmente que nem imaginava que existisse em mim.

E cá estou. No mercado, de novo. Buscando novos desafios profissionais.

No Carnaval conheci uma pessoa que me disse uma coisa muito engraçada: "Estou cansado de McDonald's e C&A. Quero Dior".

Mais cedo ou mais tarde, acho que todos cedemos à pressão da ascensão social. Pelos motivos mais diversos. A ascensão social e o consumo gritam na mídia, gritam nos valores familiares e não dá para não escutar. É a mega sena, é o título de capitalização, é o crédito infinito. São soluções mágicas que lucram com o mito.

Por um lado tem isso. Por outro lado, uma pessoa que fez uma boa faculdade e tem uma boa formação entra no mercado ganhando 700,00 por mês. E, aos 30 anos, é obrigado a morar com os pais ou com amigos porque ainda está ganhando uma porcaria. E nos justificamos dizendo que estamos "em início de carreira". Dez, quinze anos de mercado e ainda estamos em início de carreira? Não aceito isso. É patético.

Seja mito ou pressão, vou buscar a minha ascensão. Não aceito mais trabalhar por salário de estagiário. Também quero Dior na minha vida.

Estou com algumas possibilidade boas em vista. Se nenhuma delas virar, pode ser que em breve eu esteja escrevendo de terras gringas.

5 comentários:

  1. Ahahahhaa então estou no declínio. Há 4 anos que estou acostumada com "Dior" e agora tenho que me contentar com Mc Donald´s rss.... Faz parte... E temos que ir atrás das coisas que achamos que podem dar certo né? :)

    KIsu!

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  2. Achei um absurdo o rebaixamento salarial dos profissionais qualificados em tempos no qual a mídia fica o tempo todo propagando o progresso econômico do país. Tem um arquiteto, um cientista da computação e um técnico em metalurgia, decano na Ford morando na pensão aonde estou. Em breve receberemos uma pessoa que se diz secretária executiva.
    Eu que sempre imaginei que pensão fosse lar de pobre, peão desqualificado, fiquei impressionado com a graduação dos meus colegas aqui.
    É fácil concluir que a saída para certas pessoas só pode ser mesmo Cumbica.
    Mas fico na torcida para que seus projetos aqui tenham sucesso.
    []'s

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  3. É moça... como você eu também escolhi ser feliz e cursei Educação Física. Atualmente trabalho no futebol profissional e ganho míseros 20 mil dólares mensais. Estou em terras "gregas" há quase vinte anos e já estou quase esquecendo o tupi-guarani e o gosto das cocadas. Mudar é preciso.

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  4. É simplesmente necessidade. Acessão social? Não, necessidade básicas do ser humano que tem que ser atendida... E como o mundo diz que para ter acesso a isso precisa de dinheiro... faz o que?

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  5. É... sei bem o que é isso. Também fiz Letras! ;-)
    Gostei do Blog.
    Fernando.

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