quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pérolas aos porcos

Teoricamente não há truque: um doa, o outro recebe.

Quando uma pessoa doa, ela não espera nada em troca. Ou não seria uma doação e sim um investimento, um empréstimo ou uma venda.

Doar é fácil. Fomos educados para isso. Aprendemos, ao longo da vida, dando muita cabeçada, que é dando que se recebe. (Se considerarmos pessoas que tenham coração, é claro.) Mas a equação não é simples e não é imediata. Nem sempre recebemos da pessoa para quem doamos.

Não me importo em jogar pérolas aos porcos. As pérolas são minhas e faço o que quiser com elas. Se os porcos não estão prontos para recebê-las ou não sabem o que fazer com aquilo, é uma pena. Mas e quem jogou as pérolas? Ninguém pensa nela. Quem joga pérolas o faz por vontade própria e não sob ameaça ou por obrigação. Quando jogo pérolas não espero nada. Nem o reconhecimento, muitas vezes. O prazer está em jogar as pérolas, ainda que elas caiam no nada.

Recebemos muitas pérolas ao longo da vida. E muitas vezes não sabemos retribuir o gesto à altura.

Mas não há por que sentir culpa. As pérolas foram jogadas por vontade de quem as jogou.

Se puderem aceitar como retribuição um abacate maduro, um abajur, um sorriso ou um poema, ficarei feliz em aceitar suas pérolas.


2 comentários:

  1. Pra ser sincera eu aceitei muito mais pérolas nessa vida do que as dei. Mas com o tempo acabei aprendendo a doá-las.

    Kisu!

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  2. E doar o que temos sem nos importarmos com o que sera feito com isso, não é a verdadeira doação?

    http://jacaremolhado.blogspot.com/2010/01/navalhas.html

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