Eu era uma criança chata para comer. Não gostava de beterraba. Achava nojento aquele gosto doce misturado ao salgado, com cheiro de terra. Até a cor era nojenta.
Hoje, salada tem que ser colorida: alface, tomate, cenoura, pepino... e beterraba.
Será que eu era fresca e nojenta e deixei de ser? Já pensei isso. Mas não é. O paladar muda com os anos. Que criança é capaz de apreciar fundo de alcachofra ou um bom vinho? E que adulto consegue comer meia lata de leite condensado na colher?
Conheço pessoas que continuam insistindo que não gostam de beterraba (mesmo que tenha comido beterraba pela última vez aos 7 anos de idade), mas não se deram a chance de reexperimentar.
Pobre do coitado que não se permitiu comer beterraba depois de adulto. Não porque ela mudou. Mas porque é um novo ele.
Ao longo da vida, nos transformamos, nos reinventamos, nos refazemos, morremos e renascemos. A mudança de perspectiva pode transformar o objeto. E quem se recusa a tomar distância e a explorar novos ângulos está perdendo a chance de apreciar as beterrabas da vida.
Concordo! Mudar, se transformar, se reinventar, não existe forma melhor de evoluir interiormente. Afinal, que graça existe em seguir uma linha reta a vida inteira?
ResponderExcluir[]'s
Adoro beterraba e "beterraba"! Ainda mais depois de velha :P
ResponderExcluirKisu!