terça-feira, 25 de maio de 2010

Sobre beterrabas

Eu era uma criança chata para comer. Não gostava de beterraba. Achava nojento aquele gosto doce misturado ao salgado, com cheiro de terra. Até a cor era nojenta.

Hoje, salada tem que ser colorida: alface, tomate, cenoura, pepino... e beterraba.

Será que eu era fresca e nojenta e deixei de ser? Já pensei isso. Mas não é. O paladar muda com os anos. Que criança é capaz de apreciar fundo de alcachofra ou um bom vinho? E que adulto consegue comer meia lata de leite condensado na colher?

Conheço pessoas que continuam insistindo que não gostam de beterraba (mesmo que tenha comido beterraba pela última vez aos 7 anos de idade), mas não se deram a chance de reexperimentar.

Pobre do coitado que não se permitiu comer beterraba depois de adulto. Não porque ela mudou. Mas porque é um novo ele.

Ao longo da vida, nos transformamos, nos reinventamos, nos refazemos, morremos e renascemos. A mudança de perspectiva pode transformar o objeto. E quem se recusa a tomar distância e a explorar novos ângulos está perdendo a chance de apreciar as beterrabas da vida.

3 comentários:

  1. Concordo! Mudar, se transformar, se reinventar, não existe forma melhor de evoluir interiormente. Afinal, que graça existe em seguir uma linha reta a vida inteira?
    []'s

    ResponderExcluir
  2. Também penso muito nisso, na nossa capacidade de ressignificar as coisas. Nãosó as dopresente, como o nosso passado.
    Acho que administrar a memória é uma estratégia de sobrevivência e até mesmo da busca pela felicidade.
    Já pensou se todo mundo, aos 7 anos de idade já tivesse condições de discernir e diferenciar as coisas? de formar opinião para toda uma vida???
    Que terrível néh. =)
    Ainda bem que não. Como você ja disse, pessoas com posturas rígidas e inflexíveis sofrem muito. A vída é feita de horizontes. As limitações somos nós que criamos.

    ResponderExcluir
  3. Adoro beterraba e "beterraba"! Ainda mais depois de velha :P

    Kisu!

    ResponderExcluir